terça-feira, 3 de junho de 2008

MULHERES FAZEM


Se preferir ouvir, na voz de Deth Haak, clique AQUI!
Mulheres fazem amor
Fazem sexo, raiva e medo
Fazem cara de horror
Fazem figa e segredo
Mulheres fazem questão
Fazem grupo de pressão
Fazem a hora e o enredo

Mulheres fazem fuxico
Fazem sopa, fazem dó
Fazem bocas, fazem bico
Fazem juntas, fazem só
Mulheres fazem as unhas
Fazem vergonha, algumas
Fazem bem, fazem pior

Mulheres fazem apelo
Fazem sujeira e faxina
Fazem mudança em cabelo
Em peito, bunda e vagina
Fazem caridade e briga
Filantropia e intriga
Fazem menino ou menina

Mulheres fazem progresso
Fazem mingau e novenas
Fazem, às vezes, regresso
Fazem ciúmes e cenas
Fazem o homem gemer
Mas fazem enlouquecer
Outra mulher, sem problemas
Mulheres fazem pedidos
Fazem também simpatias
Fazem blusas e vestidos
Fazem verso e ironias
Fazem dança de salão
Fazem que vão e não vão
Fazem fila em romaria

Mulheres fazem pirraça
Fazem silêncio e zoada
Fazem exibição na praça
Fazem palavra cruzada
Fazem tese de mestrado
Fazem também rebolado
Fazem pagando ou de graça

Mulheres fazem projetos
Fazem crochê e tricô
Fazem lixos e dejetos
Fazem lobby e complô
Mulheres fazem cordéis
Fazem filas em bordéis
Fazem dos homens robôs

Mulheres fazem canções
Fazem arte, fazem show
Fazem parte de esquadrões
Fazem pose, fazem gol
Mulheres fazem ciladas
Fazem quorum nas calçadas
Fazem xote, fazem soul

Mulheres fazem festinhas
Fazem votos, fazem chá
Fazem pirão de galinha
Fazem cantos de ninar
Mulheres fazem regime
Fazem clube, fazem time
Fazem aqui e acolá

Mulheres fazem escolhas
Fazem desgosto e saudade
Fazem sabão, fazem bolhas
Fazem bem, fazem maldade
Mulheres fazem orquestra
Fazem som, fazem seresta
Fazem sigilo da idade

Mulheres fazem política
Fazem aborto e quermesse
Fazem paz e fazem crítica
Fazem jogo, fazem prece
Mulheres fazem plantão
Fazem bem depilação
Fazem tudo que acontece

Mulheres fazem diários
Fazem também maioria
Fazem luta de contrários
Fazem cartas de alforria
Fazem arroz e feijão
Fazem greve e oração
Fazem a melhor companhia

Mulheres fazem das tripas
E fazem do coração
Fazem dos caibros as ripas
Fazem do choro a canção
Fazem dos clamores hinos
Fazem dos velhos meninos
Fazem do gigante anão

Mulheres fazem história
Fazem o tempo parar
Fazem perder a memória
Fazem morrer e matar
Mulheres fazem o dia
Fazem da dor alegria
Fazem ferir e sarar

Mulheres fazem aplique
Fazem o tipo perua
Mulheres fazem chilique
Fazem protesto na rua
Fazem teatro e cinema
Fazem nojo e poema
Fazem até foto nua

Mulheres fazem piada
Fazem sentença e magia
Fazem a vida encantada
Fazem inferno e alegria
Mulheres fazem denúncia
Fazem carta de pronúncia
Fazem sentir nostalgia

Mulheres fazem as leis
Fazem a educação
Fazem o que ninguém fez
Fazem esculhambação
Mulheres fazem carreira
Fazem barulho na feira
Fazem do sim quase não

Mulheres fazem esforço
Fazem pesquisa de campo
Fazem aula de reforço
Fazem remendo de tampo
Mulheres fazem sinal
Fazem bis no carnaval
Fazem presilha e grampo

Mulheres fazem tratados
Fazem lavagem de roupas
Fazem compras em mercados
Fazem que são muito loucas
Mulheres fazem revistas
Fazem também entrevistas
Fazem favor como poucas

Mulheres fazem o mundo
Fazem o globo girar
Fazem tudo num segundo
Fazem a vida durar
Mulheres não fazem guerra
Fazem nascerem na terra
Os frutos do verbo amar

Mulheres fazem, enfim
Parte da espécie humana
Não é melhor nem pior
É o anjo mais sacana
Mulher é a bruta-flor
De quem Caetano falou
Não convence, mas engana

3 comentários:

  1. Salete,
    Mulher, voc� faz hem!
    Faz muito bem uma colega se orgulhar dessa gente que vem l� do Cear� gente que o Nordeste faz.
    Um grande abra�o, tamb�m, de uma mulher que num recanto do Rec�ncavo est�s a te admirar.
    Elizabete Rodrigues

    ResponderExcluir
  2. Olá Salete Maria, foi gratificante receber neste dia o convite DA POETISA DOS VENTOS, para ler você em MULHERES FAZEM, como uma apreciadora do Cordel, onde tenho um espaço somente dedicado a este movimento poético divino, desejo convidar você a fazer parte.Peço entrar em contato neste e-mail, para uma edição de seus cordéis e poesia. Atenciosamente,
    Efigênia Coutinho
    Presidente Fundadora
    AVSPE

    www.avspe.eti.br/
    Cordel:
    http://www.avspe.eti.br/cordel/indice.htm

    ResponderExcluir