Você, meu leitor amigo
Que admira o cordel
E o leva sempre consigo
Como importante papel
Sabe que o verso é capaz
De espalhar muito mais
Que tese de bacharel
Às vezes sua leitura
Causa debate e ação
Pois vem da nossa cultura
Folclore e inspiração
Mas pode estar estribado
Em estudo aprofundado
Como nesta ocasião
Eu falarei d’um assunto
Que está muito em voga
Às vezes eu me pergunto
Se não é mais uma droga
O tal assédio moral
Esta mazela, este mal
Que com nossa vida joga
Um tema mui palpitante
Que merece atenção
Vou dizer nesse instante
A sua evolução
Já vem sendo pesquisado
Bastantemente falado
Por toda esta nação
Ouve-se em seminários
Em congressos e jornadas
Em revistas, em diários
Em palestras programadas
Em rádio e televisão
Do litoral ao sertão
Merece grande chamada
Dizem: ‘assédio moral’
É o tratamento aviltante
Que terá como um sinal
Fala desqualificante
Por parte de quem domina
De quem age e determina
Relações já conflitantes
Pode se dá na família
Ou no grupo social
Porém é grande a vigília
No espectro laboral
Onde o risco é perigoso
E o dano insidioso
Falemos dele, afinal
Trata-se de humilhação
Que sofre o trabalhador
Vexatória exposição
Perseguição e terror
Ação grosseira e insana
Fere a condição humana
Dignidade e valor
Porém para discorrer
Sobre esta grave questão
Tivemos que recorrer
A uma dissertação
De Margarida Barreto
Que inspira este folheto
Propondo reflexão
Mestre em psicologia
Médica por formação
Fala em patologia
Fruto da humilhação
Do mundo globalizado
Em tempos neo-liberados
Nova forma de opressão
De leitura obrigatória
A obra dela se torna
Pela forma meritória
Com que bate na bigorna
Malhando o ferro-terror
Das relações de horror
Que a nova era contorna
Estudando o tal assédio
(Ou violência moral)
Ela o fez por intermédio
De situação real
Demonstrou como se dá
E também como enfrentar
Logo ao primeiro sinal
Convidada Margarida
Viajou pelo Brasil
Sempre mui bem recebida
Palestras já proferiu
Militante, abnegada
Comprometida, engajada
Sua pesquisa expandiu
Falou em risco invisível
Este perigo oculto
Do terror indescritível
Que anda ganhando vulto
Terrorismo no labor
Vitima trabalhador
E não merece indulto
Investigando a saúde
Do nosso trabalhador
Analisou, amiúde
A violência e a dor
Jornadas de humilhações
Novas expropriações
Seu texto nos revelou
Pioneiro neste assunto
Seu livro abre caminho
Pra quem queira chegar junto
Pois ninguém está sozinho
Na luta contra opressão
Todos têm igual razão
De depor um pedacinho
No caso particular
Da doutora Margarida
Nada mais fez do que dar
O que deu sempre na vida:
Voz e vez aos humilhados
Adoecidos, calados
De corpo e alma sofrida
Além de livro também
Auxiliou em cartilha
Aos sindicatos convém
Explorar mais esta trilha
Levando informação
Que faça mais alusão
A essa nova armadilha
Vamos, portanto, elencar
Neste modesto cordel
A fim de identificar
Neste fuleiro papel
Os danos e os agravos
Qual no tempo dos escravos
Onde o feitor era ‘incréu’
A ganância pelo lucro
E o abuso de poder
Aponta-se como fulcro
Para melhor entender
Manobras do capital
Deste mundo desigual
Que nos impõe o sofrer
Se dá por meio de chefe
Superior ou patrão
Que aje qual magarefe
Grosseiro, bruto e durão
Incompetente e tirano
Se julgando soberano
Dono de toda razão
Grave estresse gerando
Rebaixamento e vergonha
Degradação espalhando
Ultraje e muita peçonha
Deixando o trabalhador
Abalado e sem valor
Numa depressão medonha
Como se já não bastasse
O mal da exploração
Se o capital não roubasse
Sonho, desejo, ilusão
O medo do desemprego
De ficar sem um arrego
Causa grave anulação
Julgando-se impotente
Com o sono alterado
Se achando incompetente
Sem afeto e desgraçado
Perdendo peso ou ganhando
Tristonho, tenso, chorando
Silente, mudo, isolado
São alguns males causados
Pelas tais humilhações
Já há casos registrados
De drogas e depressões
Um quadro muito pesado
Que urge ser contemplado
Com vistas a soluções
A tirania no trabalho
Visa a auto-demissão
Eis o mais novo atalho
A mais nova ‘operação’
Que o capital encontrou
Descarta o trabalhador
Sem lhe pagar um tostão
Tanto à área de saúde
Como às autoridades
Compete a que se estude
Com maior celeridade
Um meio de coibir
Bem como até de punir
Tamanhas barbaridades
A mencionada doutora
Orienta: não se entregue
A luta é promissora
Busque apoio, não se negue
Conte com as amizades
Ante as adversidades
Diga tudo, não sonegue
Anote as ocorrências
Os dias, as testemunhas
O lugar, as evidências
Os termos e as alcunhas
Desabafe na família
Não queira ser uma ilha
Não fique a roer unhas
Ao médico diga o que sente
Leve o caso ao sindicato
Muitas vezes o doente
Precisa deste contato
Não se culpe, nem se irrite
Gritar com os filhos, evite
Conte ao seu amor o fato
Já existem no país
Em algumas regiões
Várias ações civis
Cobrando reparações
São formas de se lutar
Novas demandas criar
Contra abusos de patrões
O campo Legislativo
Bem como Judiciário
Também o Executivo
Devem entrar no cenário
É um fato social
Questão emergencial
Tema de trato diário
Tanto a luta sindical
(Como o campo do Direito)
Pode apontar um sinal
Propondo norma ou preceito
Tentando, então, reagir
Ensinando a resistir
Enquanto ainda tem jeito
Buscando se auxiliar
‘Do pessoal da saúde’
Tentando estimular
Para que o quadro mude
Lutando pelo direito
Do qual o ser é sujeito
Propondo nova atitude
Em nome do bem-estar
Da paz, da felicidade
Da honra de trabalhar
Mantendo a dignidade
Em nome do ser humano
Da luta que ano a ano
Chama-se fraternidade
Mas em nome, sobretudo
Da igualdade de fato
Contra o esquema sisudo
Desumano e ingrato
Em busca d’outro sistema
Onde labor e poema
Se encontrem no mesmo ato
Dizer não a este assédio
É dever imperativo
Buscar o melhor remédio
Num movimento ativo
Denunciar, reagir
Mobilizar, construir
Enquanto se está vivo.
Que admira o cordel
E o leva sempre consigo
Como importante papel
Sabe que o verso é capaz
De espalhar muito mais
Que tese de bacharel
Às vezes sua leitura
Causa debate e ação
Pois vem da nossa cultura
Folclore e inspiração
Mas pode estar estribado
Em estudo aprofundado
Como nesta ocasião
Eu falarei d’um assunto
Que está muito em voga
Às vezes eu me pergunto
Se não é mais uma droga
O tal assédio moral
Esta mazela, este mal
Que com nossa vida joga
Um tema mui palpitante
Que merece atenção
Vou dizer nesse instante
A sua evolução
Já vem sendo pesquisado
Bastantemente falado
Por toda esta nação
Ouve-se em seminários
Em congressos e jornadas
Em revistas, em diários
Em palestras programadas
Em rádio e televisão
Do litoral ao sertão
Merece grande chamada
Dizem: ‘assédio moral’
É o tratamento aviltante
Que terá como um sinal
Fala desqualificante
Por parte de quem domina
De quem age e determina
Relações já conflitantes
Pode se dá na família
Ou no grupo social
Porém é grande a vigília
No espectro laboral
Onde o risco é perigoso
E o dano insidioso
Falemos dele, afinal
Trata-se de humilhação
Que sofre o trabalhador
Vexatória exposição
Perseguição e terror
Ação grosseira e insana
Fere a condição humana
Dignidade e valor
Porém para discorrer
Sobre esta grave questão
Tivemos que recorrer
A uma dissertação
De Margarida Barreto
Que inspira este folheto
Propondo reflexão
Mestre em psicologia
Médica por formação
Fala em patologia
Fruto da humilhação
Do mundo globalizado
Em tempos neo-liberados
Nova forma de opressão
De leitura obrigatória
A obra dela se torna
Pela forma meritória
Com que bate na bigorna
Malhando o ferro-terror
Das relações de horror
Que a nova era contorna
Estudando o tal assédio
(Ou violência moral)
Ela o fez por intermédio
De situação real
Demonstrou como se dá
E também como enfrentar
Logo ao primeiro sinal
Convidada Margarida
Viajou pelo Brasil
Sempre mui bem recebida
Palestras já proferiu
Militante, abnegada
Comprometida, engajada
Sua pesquisa expandiu
Falou em risco invisível
Este perigo oculto
Do terror indescritível
Que anda ganhando vulto
Terrorismo no labor
Vitima trabalhador
E não merece indulto
Investigando a saúde
Do nosso trabalhador
Analisou, amiúde
A violência e a dor
Jornadas de humilhações
Novas expropriações
Seu texto nos revelou
Pioneiro neste assunto
Seu livro abre caminho
Pra quem queira chegar junto
Pois ninguém está sozinho
Na luta contra opressão
Todos têm igual razão
De depor um pedacinho
No caso particular
Da doutora Margarida
Nada mais fez do que dar
O que deu sempre na vida:
Voz e vez aos humilhados
Adoecidos, calados
De corpo e alma sofrida
Além de livro também
Auxiliou em cartilha
Aos sindicatos convém
Explorar mais esta trilha
Levando informação
Que faça mais alusão
A essa nova armadilha
Vamos, portanto, elencar
Neste modesto cordel
A fim de identificar
Neste fuleiro papel
Os danos e os agravos
Qual no tempo dos escravos
Onde o feitor era ‘incréu’
A ganância pelo lucro
E o abuso de poder
Aponta-se como fulcro
Para melhor entender
Manobras do capital
Deste mundo desigual
Que nos impõe o sofrer
Se dá por meio de chefe
Superior ou patrão
Que aje qual magarefe
Grosseiro, bruto e durão
Incompetente e tirano
Se julgando soberano
Dono de toda razão
Grave estresse gerando
Rebaixamento e vergonha
Degradação espalhando
Ultraje e muita peçonha
Deixando o trabalhador
Abalado e sem valor
Numa depressão medonha
Como se já não bastasse
O mal da exploração
Se o capital não roubasse
Sonho, desejo, ilusão
O medo do desemprego
De ficar sem um arrego
Causa grave anulação
Julgando-se impotente
Com o sono alterado
Se achando incompetente
Sem afeto e desgraçado
Perdendo peso ou ganhando
Tristonho, tenso, chorando
Silente, mudo, isolado
São alguns males causados
Pelas tais humilhações
Já há casos registrados
De drogas e depressões
Um quadro muito pesado
Que urge ser contemplado
Com vistas a soluções
A tirania no trabalho
Visa a auto-demissão
Eis o mais novo atalho
A mais nova ‘operação’
Que o capital encontrou
Descarta o trabalhador
Sem lhe pagar um tostão
Tanto à área de saúde
Como às autoridades
Compete a que se estude
Com maior celeridade
Um meio de coibir
Bem como até de punir
Tamanhas barbaridades
A mencionada doutora
Orienta: não se entregue
A luta é promissora
Busque apoio, não se negue
Conte com as amizades
Ante as adversidades
Diga tudo, não sonegue
Anote as ocorrências
Os dias, as testemunhas
O lugar, as evidências
Os termos e as alcunhas
Desabafe na família
Não queira ser uma ilha
Não fique a roer unhas
Ao médico diga o que sente
Leve o caso ao sindicato
Muitas vezes o doente
Precisa deste contato
Não se culpe, nem se irrite
Gritar com os filhos, evite
Conte ao seu amor o fato
Já existem no país
Em algumas regiões
Várias ações civis
Cobrando reparações
São formas de se lutar
Novas demandas criar
Contra abusos de patrões
O campo Legislativo
Bem como Judiciário
Também o Executivo
Devem entrar no cenário
É um fato social
Questão emergencial
Tema de trato diário
Tanto a luta sindical
(Como o campo do Direito)
Pode apontar um sinal
Propondo norma ou preceito
Tentando, então, reagir
Ensinando a resistir
Enquanto ainda tem jeito
Buscando se auxiliar
‘Do pessoal da saúde’
Tentando estimular
Para que o quadro mude
Lutando pelo direito
Do qual o ser é sujeito
Propondo nova atitude
Em nome do bem-estar
Da paz, da felicidade
Da honra de trabalhar
Mantendo a dignidade
Em nome do ser humano
Da luta que ano a ano
Chama-se fraternidade
Mas em nome, sobretudo
Da igualdade de fato
Contra o esquema sisudo
Desumano e ingrato
Em busca d’outro sistema
Onde labor e poema
Se encontrem no mesmo ato
Dizer não a este assédio
É dever imperativo
Buscar o melhor remédio
Num movimento ativo
Denunciar, reagir
Mobilizar, construir
Enquanto se está vivo.
Olá Salete Maria...
ResponderExcluirFiz citação de seu cordel "Assédio Moral:diga não!" em minha Monografia que trata desse assunto tão cruel e desumano que atinge a intimidade e a dignidade do ser humano.
Valeu...
Abraços...
José Augusto.
Oi!
ResponderExcluirFiquei feliz em tomar conhecimento de seu cordel "Assédio Moral: diga não!", pois minha monografia tbm será sobre o assédio moral no ambiente de trabalho.Parabéns e uma ótima produção!
Bj grande!
Que maravilha saber das pesquisas de vocês e da utilidade do nosso cordel . Parabéns
ResponderExcluirAmei o poema, muito triste termos que lidar com isso, usei seu cordel em uma apresentação de trabalho, incrível 👏🏼❤️
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