CARTA A GILVAN LUIZ
Gilvan Luiz, ser humano,
Receba um abraço meu
Pois longe do Juazeiro
Soube do que lhe ocorreu
E fiquei indignada
Aflita e petrificada
Ante o que se sucedeu
Quando li na internet
Que você foi sequestrado
Numa atitude covarde
Sendo também torturado
Eu exclamei: Deus do Céu!
Ainda há coronel
No meu Cariri amado!
Vi seu rosto ensanguentado
E a cabeça golpeada
As chamadas e manchetes
Sendo muito comentadas
Meus colegas jornalistas
-dentre eles, dois petistas-
Falando em emboscada
Aí eu fiquei maluca
Querendo compreender
Já que estando em Juazeiro
Na rua encontrei você
Que já falava em ameaça
Ali pertinho da Praça
Quando eu brinquei a dizer:
“Gilvan, você merecia
Era ser vereador
Pois junto com Fábio Souza
Nos presta um grande favor
Fiscalizando o poder
Sem um tostão receber
Do bolso do eleitor”
E disse também, sorrindo:
“Você parece Santana
Que, quando vereador,
Fazia uma zuada insana
Cobrando da prefeitura
Transparência e lisura
Para gerir nossa grana”
Aí você retrucou
Dizendo: “tu tá por fora
Tu só vive viajando
Não sabe nada de agora
Por causa dum doutorado
Deixou teu torrão amado
Bateu asa e foi embora”
Então eu te cutuquei
Falando: já fiz demais
Tu é a bola da vez
Não vamos olhar pra trás
Se cuide e siga em frente
Nadamos contra a corrente
Assim a história se faz...
Depois deste breve papo
Você me deu um jornal
Que eu li atentamente
Como se fora um sinal
Do que estava por vir
Pois tu relatava ali
Bastante coisa ilegal
E quanto mais eu me lembro
Menos quero acreditar
Pois temos a mesma idade
E um jeito de falar
Do que nos parece errado
E damos nosso recado
Pra muito caro pagar
Você como jornalista
Na sua função real
E eu como cordelista
No campo ficcional
Ambos na mesma pisada
Sujeito a trapaceada
Do cânon oficial
Você no jornal Sem Nome
Eu no verso nominado
Se ficar o bicho come
Se correr é rastreado
Um coisa é semelhante:
Ameaça a todo instante
No seu caso, consumado!
Hoje lembrei de Tim Lopes
De Chico Alves também
Depois Wladimir Herzog
E lá se vão mais de cem
Que em face da função
Sofreram perseguição
De gente dita do bem
Tentei saber mais notícia
Nos blogs da região
E para minha surpresa
Só no Miséria, então
Falam deste ato vil
Que a imprensa do Rio
Divulga até de montão
Por isso eu me pergunto
Cadê nossos jornalistas?
E outros profissionais?
Que vivem de dar notícia
Mas lembrei na mesma hora
Tem mídia que ignora
O que lhe salta à vista
Ademais também pensei
Nem todos são corajosos
Os jornais que tem um nome
Têm donos mui poderosos
Uns que estão no poder
Outro tão querendo ser
E assim vão... perigosos
Restamos nós, militantes
Dos tais direitos humanos
Ante um crime tão gritante
Praticado por insanos
Temos que repudiar
Discutir e divulgar
Por muitos e muitos anos
Não deixemos que este fato
Caia no esquecimento
Que seja feito um ato
Um grandioso evento
Como foi recentemente
Quando mataram um parente
De alguém que tem bom assento
Seja quem for implicado
Como mandante ou autor
Que venha a ser processado
E punido com rigor
Para que tenhamos paz
E não ocorra jamais
Algo de mesmo teor
Não estou assinalando
Quem fez isto com você
Até porque se soubesse
Não temeria dizer
Mas penso que já é hora
De dar um basta a história
De que só vence o poder
No caso que me ocorreu
Não pude acompanhar
Pois o doutorado meu
Não é feito pra constar
Me faltou ubiquidade
Para estar na faculdade
E um processo acompanhar
Além do mais 'meus amigos'
Não me foram solidários
Alguns são 'bons inimigos'
Pois vale mais seus salários
Mas eu creio, do meu jeito
Noutro tipo de Direito
Que nasce dos relicários
Aqui meus novos colegas
Não param de me indagar
Querem entender porquê
Alguem tentou lhe matar
Mas a sua explicação
- Apesar da emoção -
Deixa uma questão no ar:
Você entende que o fato
Tem a ver com seu jornal...
Os temas veiculados...
O poder municipal...
Se, de fato, for assim
(Pra você, como pra mim)
Já sabemos o final...
É como eu disse aos Chilangos
Sobre o Brasil refletindo:
A liberdade de imprensa
Se assemelha a um bingo
Para uns é proibida
Para outros consentida
Depende muito do ''limbo''
Diz a Constituição
Da qual sou pesquisadora
Que a manifestação
Do pensar é promissora
Mas liberdade de imprensa
Não passa de uma crença
Da qual sou devoradora
Nos porões da ditadura
Muitas vozes se calaram
Era tempo de censura
Contra os que discordaram
Lula disse para o mundo
- E eu não cri um segundo-
Que os anos ''duros'' passaram!
Mas como Voltaire dizia:
Eu posso não concordar
Com uma única palavra
Do que você quer falar
Mas luto até a morte
Se pouca for minha sorte
Pra ver você se expressar!
Salete Maria
Gilvan Luiz, ser humano,
Receba um abraço meu
Pois longe do Juazeiro
Soube do que lhe ocorreu
E fiquei indignada
Aflita e petrificada
Ante o que se sucedeu
Quando li na internet
Que você foi sequestrado
Numa atitude covarde
Sendo também torturado
Eu exclamei: Deus do Céu!
Ainda há coronel
No meu Cariri amado!
Vi seu rosto ensanguentado
E a cabeça golpeada
As chamadas e manchetes
Sendo muito comentadas
Meus colegas jornalistas
-dentre eles, dois petistas-
Falando em emboscada
Aí eu fiquei maluca
Querendo compreender
Já que estando em Juazeiro
Na rua encontrei você
Que já falava em ameaça
Ali pertinho da Praça
Quando eu brinquei a dizer:
“Gilvan, você merecia
Era ser vereador
Pois junto com Fábio Souza
Nos presta um grande favor
Fiscalizando o poder
Sem um tostão receber
Do bolso do eleitor”
E disse também, sorrindo:
“Você parece Santana
Que, quando vereador,
Fazia uma zuada insana
Cobrando da prefeitura
Transparência e lisura
Para gerir nossa grana”
Aí você retrucou
Dizendo: “tu tá por fora
Tu só vive viajando
Não sabe nada de agora
Por causa dum doutorado
Deixou teu torrão amado
Bateu asa e foi embora”
Então eu te cutuquei
Falando: já fiz demais
Tu é a bola da vez
Não vamos olhar pra trás
Se cuide e siga em frente
Nadamos contra a corrente
Assim a história se faz...
Depois deste breve papo
Você me deu um jornal
Que eu li atentamente
Como se fora um sinal
Do que estava por vir
Pois tu relatava ali
Bastante coisa ilegal
E quanto mais eu me lembro
Menos quero acreditar
Pois temos a mesma idade
E um jeito de falar
Do que nos parece errado
E damos nosso recado
Pra muito caro pagar
Você como jornalista
Na sua função real
E eu como cordelista
No campo ficcional
Ambos na mesma pisada
Sujeito a trapaceada
Do cânon oficial
Você no jornal Sem Nome
Eu no verso nominado
Se ficar o bicho come
Se correr é rastreado
Um coisa é semelhante:
Ameaça a todo instante
No seu caso, consumado!
Hoje lembrei de Tim Lopes
De Chico Alves também
Depois Wladimir Herzog
E lá se vão mais de cem
Que em face da função
Sofreram perseguição
De gente dita do bem
Tentei saber mais notícia
Nos blogs da região
E para minha surpresa
Só no Miséria, então
Falam deste ato vil
Que a imprensa do Rio
Divulga até de montão
Por isso eu me pergunto
Cadê nossos jornalistas?
E outros profissionais?
Que vivem de dar notícia
Mas lembrei na mesma hora
Tem mídia que ignora
O que lhe salta à vista
Ademais também pensei
Nem todos são corajosos
Os jornais que tem um nome
Têm donos mui poderosos
Uns que estão no poder
Outro tão querendo ser
E assim vão... perigosos
Restamos nós, militantes
Dos tais direitos humanos
Ante um crime tão gritante
Praticado por insanos
Temos que repudiar
Discutir e divulgar
Por muitos e muitos anos
Não deixemos que este fato
Caia no esquecimento
Que seja feito um ato
Um grandioso evento
Como foi recentemente
Quando mataram um parente
De alguém que tem bom assento
Seja quem for implicado
Como mandante ou autor
Que venha a ser processado
E punido com rigor
Para que tenhamos paz
E não ocorra jamais
Algo de mesmo teor
Não estou assinalando
Quem fez isto com você
Até porque se soubesse
Não temeria dizer
Mas penso que já é hora
De dar um basta a história
De que só vence o poder
No caso que me ocorreu
Não pude acompanhar
Pois o doutorado meu
Não é feito pra constar
Me faltou ubiquidade
Para estar na faculdade
E um processo acompanhar
Além do mais 'meus amigos'
Não me foram solidários
Alguns são 'bons inimigos'
Pois vale mais seus salários
Mas eu creio, do meu jeito
Noutro tipo de Direito
Que nasce dos relicários
Aqui meus novos colegas
Não param de me indagar
Querem entender porquê
Alguem tentou lhe matar
Mas a sua explicação
- Apesar da emoção -
Deixa uma questão no ar:
Você entende que o fato
Tem a ver com seu jornal...
Os temas veiculados...
O poder municipal...
Se, de fato, for assim
(Pra você, como pra mim)
Já sabemos o final...
É como eu disse aos Chilangos
Sobre o Brasil refletindo:
A liberdade de imprensa
Se assemelha a um bingo
Para uns é proibida
Para outros consentida
Depende muito do ''limbo''
Diz a Constituição
Da qual sou pesquisadora
Que a manifestação
Do pensar é promissora
Mas liberdade de imprensa
Não passa de uma crença
Da qual sou devoradora
Nos porões da ditadura
Muitas vozes se calaram
Era tempo de censura
Contra os que discordaram
Lula disse para o mundo
- E eu não cri um segundo-
Que os anos ''duros'' passaram!
Mas como Voltaire dizia:
Eu posso não concordar
Com uma única palavra
Do que você quer falar
Mas luto até a morte
Se pouca for minha sorte
Pra ver você se expressar!
Salete Maria
Aqui está a poesia Nordestina
ResponderExcluirA poesia popular
que quase sempre com rima,
casos reais vem contar,
Revela:
Com primazia da verdade
com a razão bem presente
Que o direiro à igualdade
é um valor permanente.
Este pequeno improviso, sendo o 1º comentário, justifica-se porque é assim que penso, deixando o meu "recado" naquilo que escrevo.
Um abraço do tamanho do mundo
e continua.
ARFER