Quem dera ser uma
Zuleide
Francisca ou Luciana
Quem dera ser
Derineide
Marcela ou Damiana
Quem dera ser uma
Nancy
Pra sorver do Cariri
Tudo de bom que ele
emana
Quem dera ser
Madalena
Ciça, Naldinha ou
Diana
Pra ir a uma novena
Em pleno meio de
semana
Lá no sul do Ceará
Onde se aprende a
amar
Com muita ou pouca
grana
Quem dera ser Ana
Paula
Sammyra, Cris ou
Silvana
Cuja luta é uma
aula
Por uma vida mais
humana
Pra quem chegou na
velhice
E assim como Dona
Alice
Ainda tem muita gana
Quem dera ser uma
Rosa
Fátima ou Eliana
Pra trocar dedos de
prosa
Na casa de Dona
Joana
Tomando uma
cervejinha
E se sentindo a
rainha
Numa singela
choupana
Quem dera ser
Sayonara
Dane, Mazé ou
Joaquina
Para mostrar minha
cara
Em tudo quanto é
esquina
Em greve, missa ou
festa
Com um letreiro na
testa
Lá na marcha das
meninas
Quem dera ser uma
Lia
Ceiça, Ivone ou
Roberta
Pra descer na
romaria
Como mãe, filha ou
neta
Das mulheres desta
terra
Que entre o vale e a
serra
Sabem traçar sua
meta
Quem dera ser uma
Célia
Ou uma Cláudia
Rejanne
Uma Fanka, uma
Valéria
Íria, Neide ou
Roseane
Para lutar de montão
Contra toda opressão
Deste machismo
infame
Quem dera ser
Margareth
Suamy, Nina ou Luzia
Pra poder pintar o
sete
Por toda essa
cercania
Falando em
diversidade
E proclamando
igualdade
Seja lá qual for o
dia
Quem dera ser uma
Vânia
Soledade ou Da Guia
Pra chegar no
Estefânia
No pingo do meio dia
E brigar por mais
saúde
Lutando pra que se
mude
Os governos de
tirania
Quem dera ser uma
Sônia
Elaine, Nena ou
Gisélia
Quem dera ser uma
Antônia
Cirila ou Daniela
Para, com educação,
Transformar a região
Para que seja mais
bela
Quem dera ser uma
Raimunda
Matilde, Rita ou Ana
Para falar da
profunda
Energia que emana
Do prazer que é
cuidar
Daquilo que a terra
dá
A quem com ela se
irmana
Quem dera ser uma
Nívia
Alana, Vera ou
Toinha
Andrea, Bete ou
Lívia
Marluce ou Terezinha
Para lutar por
justiça
E humanizar a
polícia
Que atua nesta
terrinha
Quem dera ser uma
Sâmia
Dina, Lúcia ou
Corrinha
Pra não ligar pra
infâmia
Das fofocas das
vizinhas
E viver em plenitude
Torcendo para que
mude
Gente de alma
mesquinha
Quem dera ser uma
Graça
Carla, Deise ou
Helena
Pra poder ver minha
raça
Enegrecendo essa
cena
Com seus cabelos
libertos
E seus olhos bem
abertos
Mirando quem as
condena
Quem dera ser uma
Ravena
Manu, Elandia ou
Carol
Para recitar um
poema
Todo pintado de sol
Com um bando de
amigos
Pretos, brancos,
coloridos
Lindos feito um
girassol
Quem dera ser
Ildevânia
Bastinha ou Josenir
Rosário, Cátia ou
Sandra
Para viver a parir
Um monte de poesia
Gerando nova energia
Pra ver o povo
sorrir
Quem dera ser mãe
Maria
Alice ou Salomé
Pra sentir a energia
Dessas mulheres de
axé
Que lutam pelo
direito
De não sofrer
preconceito
Ao exercer sua fé
Quem dera ser
Elisângela
Marleide ou Dagmar
Cilene ou Mariângela
Para poder divulgar
Pela mídia regional
Que as guerreiras do
local
Sabem viver e amar
Quem dera ser uma
Geralda
Antélvia, Nilda ou
Dolores
Francy, Suerda ou
Mafalda
Lavina, Creusa ou
Das Dores
Pra ser feliz de
verdade
Mudando a realidade
Em nome dos seus
amores
Quem dera ser
Regilene
Pautília ou
Auxiliadora
Loreto ou Lucilene
Aparecida ou Denôra
Para ajudar as
pessoas
A não viverem à
toa
Nessa terrinha tão
boa
Quem dera ser
Adriana
Mara, Telma ou
Ivonete
Débora ou
Alexsandra
Raquel, Sheila ou
Luzinete
Para não ser
esquecida
Como se sente Salete
Quem dera ser como
elas
E outras não
mencionadas
Pra lutar contra as
mazelas
E propor outras
paradas
Contra toda
violência
E em prol da
consciência
Do valor da
mulherada
Quem dera ser como
essas
Mulheres do Cariri
Cuja mais nobre
promessa
É lutar pelo porvir
No Crato e no
Juazeiro
Em Barbalha e em
Granjeiro
Brejo, Aurora e
Mauriti
Em Missão Velha e
no Barro
Em Santana do Cariri
Lutando ou tirando
sarro
Em Nova Olinda e
Jati
Em Araripe e
Porteiras
Todas são muito
guerreiras
E sabem se divertir!
Várzea Alegre e
Jardim
Milagres e Altaneira
Assaré, claro que
sim
Tem guerreira de
primeira
Caririaçu também
Onde eu tenho mais
de cem
Amigas e
companheiras
Em Araripe e Abaiara
Em Lavras e Potengi
Onde tem beleza rara
E canto de colibri
As mulheres tão
lutando
Batalhando,
avançando
Mudando aqui e ali
Em Salitre e
Antonina
Também tem mulheres
fortes
Farias Brito e
Tarrafas
Assim como em
Penaforte
No Baixio e em Umari
Todas estão a pedir
Que parem com tanta
morte
É para essas
guerreiras
Que faço mais um
cordel
Feito assim meio às
carreiras
Mas com gostinho de
mel
É a minha oração
Repleta de gratidão
Registrada num papel
E para finalizar
Desejo em alto tom
Muita força pra
lutar
Muito axé e muito
som
Muita luz para
seguir
Guerreiras do Cariri
À vocês tudo de
bom!
Salete Maria
8 de março de
2014
Muito bom, Salete! Seus cordeis são um alento para a alma. Parabéns!
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