Eu vou narrar a história
Da mulher de sete vidas
Esta me vem à memória
Dentre tantas conhecidas
É uma saga interessante
Duma alma caminhante
Que gera e cura feridas
Não sei bem se foi um sonho
Ou algo que eu já vivi
Mas a contar me disponho
Em face do que senti
Fagulhas de misticismo
Centelhas de espiritismo
Cordel igual nunca vi
São diversas personagens
Que no fundo é uma só
A profusão de imagens
Vai da neta à bisavó
Num ciclo atemporal
Um discurso transversal
Que vai do sopro ao pó
Uma alma feminina
Que várias vidas viveu
Complexa porção divina
Assim como tu e eu
Sedenta por aprender
O sentido do viver
Um dia me apareceu
Da mulher de sete vidas
Esta me vem à memória
Dentre tantas conhecidas
É uma saga interessante
Duma alma caminhante
Que gera e cura feridas
Não sei bem se foi um sonho
Ou algo que eu já vivi
Mas a contar me disponho
Em face do que senti
Fagulhas de misticismo
Centelhas de espiritismo
Cordel igual nunca vi
São diversas personagens
Que no fundo é uma só
A profusão de imagens
Vai da neta à bisavó
Num ciclo atemporal
Um discurso transversal
Que vai do sopro ao pó
Uma alma feminina
Que várias vidas viveu
Complexa porção divina
Assim como tu e eu
Sedenta por aprender
O sentido do viver
Um dia me apareceu
Surgiu diante de mim
Me deixando extasiada
Andando pelo jardim
Numa tarde ensolarada
Aquela mulher pequena
E de feição tão serena
Me pareceu “encantada”
Sorrindo disse: “Pessoa,
Uma luz te alumia
Tua palavra ecoa
Através da poesia
Nascestes para contar
Por meio do versejar
Que em tudo tem energia!”
E disse-me que no mundo
Tudo é espiritual
Tudo gira num segundo
Em ondas feito espiral
E logo foi-se afastando
Quando fui me aproximando
Deixou ali um sinal
Num pedaço de papel
Talvez psicografado
Pensei que eu tava pinel
Mas tava ali do meu lado
Naquela caligrafia
Minha carta de alforria
E um pouco do meu passado
E numa língua estranha
Mas em formato de rima
Eu vi aquela façanha
Algo que muito me anima
Aquela anunciação
Que tal qual uma oração
Nos dirige para cima
Depois que ela partiu
Um querubim despencou
Meu espanto ele sentiu
E sorridente me olhou
Eu perguntei: “Quem é ela?”
Ele disse: “Uma aquarela
Que você mesma pintou”.
E eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores?
Se eu me chamasse Raimundo
Seria rima e não dores!
Será que estou acordada?
Quem me armou esta cilada?
Ò Cristo dos meus amores!
Valei-me Carlos Drummond!
Vinde a mim Frida Khallo
Ouço um esquisito som
Pelejo, porém, não falo
Que coisa mais esquisita
Adentro numa mesquita
E meus olhos arregalo
E fico ali sem ação
Sem nada poder fazer
De repente uma canção
E me vejo adormecer
Ali eu compreendi:
Aquela mulher que vi
Tem algo a me dizer
Um sussurro sedutor
Zumbia no meu ouvido
Gemido ensurdecedor
Me fez perder o sentido
Então no tempo voltando
Fui pouco a pouco encontrando
Respostas ao requerido
Vi que aquela mulher
Não era desconhecida
Acredite quem quiser
Era eu mesma noutra vida
Então foi tudo encaixando
Eu a mim me revelando
Me tornando esclarecida
Passei então a saber
Por onde um dia andei
Pelo que pude entender
Muito mais eu andarei
Agora posso afirmar
Tudo que vivo a negar
Eu fui, eu sou, ou serei
Aquela mulher sombria
Para mim misteriosa
Que em princípio sorria
Depois se tornou chorosa
Tem uma história infinda
Triste, alegre, feia e linda
Terrível e maravilhosa
Vivendo aqui neste meio
Após sete encarnações
Provavelmente aqui veio
Cumprindo expiações
E já que pouco aprendeu
Muitos erros cometeu
Vítima de ilusões
Uma fêmea criatura
Que no espaço encarna
Exibindo a tessitura
Da lei conspícua do Karma
Néctar da Suprema Luz
Que o Universo conduz
Pretende chegar ao Dharma
Nascida num dia sete
O sete a acompanha
Em tudo que ela se mete
Há uma força estranha
Um anjo torto e cambota
Vive a lhe soprar lorota
Num eterno perde/ganha
Eis um ser em construção
Buscando se conhecer
Ora está na contramão
Ora ensina a viver
Faz das tripas coração
Faz do gemido oração
Faz derrotado vencer
Vive ela nesta vida
Conectada ao mundo
Em mil coisas envolvida
Não pára um só segundo
Invoca as forças do além
Mas não as entende bem
Pois é criança, no fundo
Vive a pedir proteção
E procurando entender
Qual é a sua missão
A razão do seu viver
Vive um dilema total
Oscila entre o bem e o mal
Em tempo de enlouquecer
Sente que tem um mentor
Um guia espiritual
O tal anjo protetor
A quem suplica um sinal
Para não mais se perder
Pra melhor se conhecer
Cuida do chacra frontal
Nesta busca incessante
Em torno do próprio ser
Teve um sonho alucinante
Que para melhor dizer
Foi uma revelação
Que trouxe a informação
Que passo agora a dizer:
Entre luzes cintilantes
E cores celestiais
Eloqüentes e vibrantes
Trombetas descomunais
Uma voz se aproximou
E junto dela falou
Dentre outras cositas mais:
“um anjo desencarnado
Não te quer gauche na vida
Ele a ti tem ajudado
Em chegada e despedida
Chamando tua atenção
Olha pro teu coração
E vede a luz escondida!
Tu tens estado perdida
Tens confundido a mente
Tens procurado saída
Porque se sente doente
Em toda religião
Suplica por proteção
Mas não se sente contente
Tens procurado entender
O que Deus manda pra ti
Buscado repreender
O mal que estás a sentir
Não vês que a hora chegou
Colhe-se o que se plantou
Disto não podes fugir
A tua sétima face
É tua força interior
Onde se dá o enlace
Criatura e Criador
É o Caminho do Meio
Donde toda Força veio
Onde se gera o amor
Sete vidas já vivestes
Mil histórias pra contar
Septuagésima morreste
No teu último caminhar
A cada vida passada
Uma missão consagrada
Voltastes pra resgatar
Já fostes dama da noite
Fostes cobiçada atriz
Vivestes sob o açoite
Da pecha de meretriz
Já fostes doce donzela
Levando vida singela
Sonhando em ser feliz
Fostes rica, fostes pobre
Fostes divina e profana
Fostes de linhagem nobre
E fostes também cigana
Numa vida, enaltecida
Noutras tantas, preterida
Oh! Que estrada tirana!
Saboreastes de tudo
Neste evoluir humano
Do punhal pontiagudo
Ao beijo do soberano
Da grande pedra que esmaga
À mão macia que afaga
De homem rico e insano
Na era mais primitiva
Foi coletora de erva
Na escravidão nativa
A negra que virou serva
Chegaste a ser segregada
Num feudo trancafiada
Tal qual ervilha em conserva
No mundo industrial
Como operária viveu
Contra os horrores do mau
Em batalhas se meteu
Dali extraiu lições
Que a vida tem dimensões
Que o homem nunca entendeu
Quando veio potentada
Do poder soube abusar
Humilhava a empregada
Fazendo a mesma chorar
Vivendo na burguesia
Nada mais te comovia
Tudo podias comprar!
Depois mendiga e demente
Foi maltratada e infeliz
Exposta ao sol inclemente
A vida ali, por um triz
Um tempo de aflição
De muita perturbação
Assim tua alma quis
Como filha, nem se fala
Ignorava teus pais
Um dia fez tua mala
Para nunca voltar mais
Drogada e prostituída
Suicidou-se em seguida
Atraída por teus iguais
Lembra-te da inimiga
Que noutra vida mataste?
Para curar a ferida
É a filha que tu geraste
O teu marido, coitado
Pelo álcool escravizado
Colhendo o que semeaste
A cada vida uma chance
Para se regenerar
Qual num macabro romance
Voltava ao mesmo lugar
Tudo te satisfazia
Sexo, poder e magia
Dinheiro pra se drogar
Mas eis que chegou a hora
De dar na vida um salto
Do crepúsculo à aurora
Tomada de sobressalto
A Luz que vem do Universo
Surge em forma de verso
Vinda de longe, do Alto
Nem só o material
O Homem deve buscar
A vida espiritual
É preciso cultivar
Após uma guerra externa
Vem uma batalha interna
Difícil de se ganhar
A mulher de sete vidas
Sete vezes se procura
Vislumbra algumas saídas
Mas busca a mais segura
Já não quer mais desengano
Na verdade o Ser Humano
Só em Deus encontra a cura
Se em ti o sete é marco
Ponto de chegada e fim
Vede a flecha e o arco
E o sangue jorrado, enfim
Aprende com o perdão
Constrói a tua oração
Dizendo à vida “sim”
Porque a tua essência
É da mais límpida luz
Trabalha a Consciência
De que O Pai te conduz
E o numeral cabalístico
Terá um sentido holístico
Qual o símbolo da cruz
De fato o sete está
Cheio de simbologia
Há muito a se analisar
A partir da energia
Tantos acontecimentos
Incontáveis elementos
Causando tanta euforia
Assim como a vida, o sete
Pode ser bom o ruim
Se fizeres uma enquete
Verás que tudo é assim
Há tempo para nascer
E tempo para morrer
Porém não existe fim
São tantas informações
Em torno deste algarismo
Muitas especulações
Certo fundamentalismo
Clara sincronicidade
Muita inventividade
Um pouco de esoterismo
Bastante superstição
Um pouco de fetichismo
Doses de adivinhação
Pitadas de ocultismo
Qual nas cartas dum baralho
Ou letra de Zé Ramalho
Mistério e malabarismo
Sete cores do arco-íris
Sete notas musicais
Seth é o irmão de Osíris
E os pecados capitais
Sete planetas sagrados
A sete palmo enterrados
Estão os pobres mortais
Sete é numero de sorte
Como também de azar
Aos sete dias da morte
É tempo de se lembrar
De quem partiu dessa vida
Pruma outra prometida
Para nunca mais voltar?
Sete pães multiplicados
Sete nações destruídas
Sete botas no telhado
Sete estrelas coloridas
Sete bezerros de ouro
Sete dias de agouro
Sete mortes, sete vidas
Sete dias da semana
Sete chagas do Senhor
Sete é o número que engana
Sete espinhos na fulô
Sete arcanjos devotados
Sete selos tatuados
Nos tratados do terror
Sete são as tais trombetas
Citadas no Apocalipse
Sete curvas dos cometas
Antes de vir o eclipse
Sete são leis de Noé
Sete números de fé
Sete sílabas em elipse
Sete anões e sete altares
Sete anos de labor
Sete bombas nucleares
Sete vezes protetor
Sete homens contra Tebas
Sete gotas contra amebas
Sete noites de horror
Setenta e sete vezes
Deve o cristão perdoar
Sete castiçais ingleses
Sete pragas a rogar
Sete conta o mentiroso
Sete histórias de Trancoso
Sete para descansar
Sete são as divindades
Que comandam a natureza
Sete são as majestades
Donas de toda beleza
Sete anos em construção
O templo de Salomão
Cheio de glória e riqueza
Enfim, são muitas passagens
Muita história e muita fama
São diversas as imagens
Que a Bíblia traz e proclama
Também a mitologia
A história influencia
E torna acesa a chama
Mas a sétima encarnação
Da mulher de sete vidas
Tem a significação
De sete plantas colhidas
É meio de evolução
Interna revolução
Reforma íntima sentida
É uma história pra ser lida
E depois ser explorada
Pois para ser entendida
Precisa ser comentada
Diz respeito a outros planos
Sobre os quais há mil enganos
E mil questões formuladas
Eis porque é bom falar
Sobre estas coisas assim
Pra que possamos pensar
Sobre o não e sobre o sim
Quem poderá nos dizer
Que não há novo viver
Quando tudo chega ao fim?
Me deixando extasiada
Andando pelo jardim
Numa tarde ensolarada
Aquela mulher pequena
E de feição tão serena
Me pareceu “encantada”
Sorrindo disse: “Pessoa,
Uma luz te alumia
Tua palavra ecoa
Através da poesia
Nascestes para contar
Por meio do versejar
Que em tudo tem energia!”
E disse-me que no mundo
Tudo é espiritual
Tudo gira num segundo
Em ondas feito espiral
E logo foi-se afastando
Quando fui me aproximando
Deixou ali um sinal
Num pedaço de papel
Talvez psicografado
Pensei que eu tava pinel
Mas tava ali do meu lado
Naquela caligrafia
Minha carta de alforria
E um pouco do meu passado
E numa língua estranha
Mas em formato de rima
Eu vi aquela façanha
Algo que muito me anima
Aquela anunciação
Que tal qual uma oração
Nos dirige para cima
Depois que ela partiu
Um querubim despencou
Meu espanto ele sentiu
E sorridente me olhou
Eu perguntei: “Quem é ela?”
Ele disse: “Uma aquarela
Que você mesma pintou”.
E eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores?
Se eu me chamasse Raimundo
Seria rima e não dores!
Será que estou acordada?
Quem me armou esta cilada?
Ò Cristo dos meus amores!
Valei-me Carlos Drummond!
Vinde a mim Frida Khallo
Ouço um esquisito som
Pelejo, porém, não falo
Que coisa mais esquisita
Adentro numa mesquita
E meus olhos arregalo
E fico ali sem ação
Sem nada poder fazer
De repente uma canção
E me vejo adormecer
Ali eu compreendi:
Aquela mulher que vi
Tem algo a me dizer
Um sussurro sedutor
Zumbia no meu ouvido
Gemido ensurdecedor
Me fez perder o sentido
Então no tempo voltando
Fui pouco a pouco encontrando
Respostas ao requerido
Vi que aquela mulher
Não era desconhecida
Acredite quem quiser
Era eu mesma noutra vida
Então foi tudo encaixando
Eu a mim me revelando
Me tornando esclarecida
Passei então a saber
Por onde um dia andei
Pelo que pude entender
Muito mais eu andarei
Agora posso afirmar
Tudo que vivo a negar
Eu fui, eu sou, ou serei
Aquela mulher sombria
Para mim misteriosa
Que em princípio sorria
Depois se tornou chorosa
Tem uma história infinda
Triste, alegre, feia e linda
Terrível e maravilhosa
Vivendo aqui neste meio
Após sete encarnações
Provavelmente aqui veio
Cumprindo expiações
E já que pouco aprendeu
Muitos erros cometeu
Vítima de ilusões
Uma fêmea criatura
Que no espaço encarna
Exibindo a tessitura
Da lei conspícua do Karma
Néctar da Suprema Luz
Que o Universo conduz
Pretende chegar ao Dharma
Nascida num dia sete
O sete a acompanha
Em tudo que ela se mete
Há uma força estranha
Um anjo torto e cambota
Vive a lhe soprar lorota
Num eterno perde/ganha
Eis um ser em construção
Buscando se conhecer
Ora está na contramão
Ora ensina a viver
Faz das tripas coração
Faz do gemido oração
Faz derrotado vencer
Vive ela nesta vida
Conectada ao mundo
Em mil coisas envolvida
Não pára um só segundo
Invoca as forças do além
Mas não as entende bem
Pois é criança, no fundo
Vive a pedir proteção
E procurando entender
Qual é a sua missão
A razão do seu viver
Vive um dilema total
Oscila entre o bem e o mal
Em tempo de enlouquecer
Sente que tem um mentor
Um guia espiritual
O tal anjo protetor
A quem suplica um sinal
Para não mais se perder
Pra melhor se conhecer
Cuida do chacra frontal
Nesta busca incessante
Em torno do próprio ser
Teve um sonho alucinante
Que para melhor dizer
Foi uma revelação
Que trouxe a informação
Que passo agora a dizer:
Entre luzes cintilantes
E cores celestiais
Eloqüentes e vibrantes
Trombetas descomunais
Uma voz se aproximou
E junto dela falou
Dentre outras cositas mais:
“um anjo desencarnado
Não te quer gauche na vida
Ele a ti tem ajudado
Em chegada e despedida
Chamando tua atenção
Olha pro teu coração
E vede a luz escondida!
Tu tens estado perdida
Tens confundido a mente
Tens procurado saída
Porque se sente doente
Em toda religião
Suplica por proteção
Mas não se sente contente
Tens procurado entender
O que Deus manda pra ti
Buscado repreender
O mal que estás a sentir
Não vês que a hora chegou
Colhe-se o que se plantou
Disto não podes fugir
A tua sétima face
É tua força interior
Onde se dá o enlace
Criatura e Criador
É o Caminho do Meio
Donde toda Força veio
Onde se gera o amor
Sete vidas já vivestes
Mil histórias pra contar
Septuagésima morreste
No teu último caminhar
A cada vida passada
Uma missão consagrada
Voltastes pra resgatar
Já fostes dama da noite
Fostes cobiçada atriz
Vivestes sob o açoite
Da pecha de meretriz
Já fostes doce donzela
Levando vida singela
Sonhando em ser feliz
Fostes rica, fostes pobre
Fostes divina e profana
Fostes de linhagem nobre
E fostes também cigana
Numa vida, enaltecida
Noutras tantas, preterida
Oh! Que estrada tirana!
Saboreastes de tudo
Neste evoluir humano
Do punhal pontiagudo
Ao beijo do soberano
Da grande pedra que esmaga
À mão macia que afaga
De homem rico e insano
Na era mais primitiva
Foi coletora de erva
Na escravidão nativa
A negra que virou serva
Chegaste a ser segregada
Num feudo trancafiada
Tal qual ervilha em conserva
No mundo industrial
Como operária viveu
Contra os horrores do mau
Em batalhas se meteu
Dali extraiu lições
Que a vida tem dimensões
Que o homem nunca entendeu
Quando veio potentada
Do poder soube abusar
Humilhava a empregada
Fazendo a mesma chorar
Vivendo na burguesia
Nada mais te comovia
Tudo podias comprar!
Depois mendiga e demente
Foi maltratada e infeliz
Exposta ao sol inclemente
A vida ali, por um triz
Um tempo de aflição
De muita perturbação
Assim tua alma quis
Como filha, nem se fala
Ignorava teus pais
Um dia fez tua mala
Para nunca voltar mais
Drogada e prostituída
Suicidou-se em seguida
Atraída por teus iguais
Lembra-te da inimiga
Que noutra vida mataste?
Para curar a ferida
É a filha que tu geraste
O teu marido, coitado
Pelo álcool escravizado
Colhendo o que semeaste
A cada vida uma chance
Para se regenerar
Qual num macabro romance
Voltava ao mesmo lugar
Tudo te satisfazia
Sexo, poder e magia
Dinheiro pra se drogar
Mas eis que chegou a hora
De dar na vida um salto
Do crepúsculo à aurora
Tomada de sobressalto
A Luz que vem do Universo
Surge em forma de verso
Vinda de longe, do Alto
Nem só o material
O Homem deve buscar
A vida espiritual
É preciso cultivar
Após uma guerra externa
Vem uma batalha interna
Difícil de se ganhar
A mulher de sete vidas
Sete vezes se procura
Vislumbra algumas saídas
Mas busca a mais segura
Já não quer mais desengano
Na verdade o Ser Humano
Só em Deus encontra a cura
Se em ti o sete é marco
Ponto de chegada e fim
Vede a flecha e o arco
E o sangue jorrado, enfim
Aprende com o perdão
Constrói a tua oração
Dizendo à vida “sim”
Porque a tua essência
É da mais límpida luz
Trabalha a Consciência
De que O Pai te conduz
E o numeral cabalístico
Terá um sentido holístico
Qual o símbolo da cruz
De fato o sete está
Cheio de simbologia
Há muito a se analisar
A partir da energia
Tantos acontecimentos
Incontáveis elementos
Causando tanta euforia
Assim como a vida, o sete
Pode ser bom o ruim
Se fizeres uma enquete
Verás que tudo é assim
Há tempo para nascer
E tempo para morrer
Porém não existe fim
São tantas informações
Em torno deste algarismo
Muitas especulações
Certo fundamentalismo
Clara sincronicidade
Muita inventividade
Um pouco de esoterismo
Bastante superstição
Um pouco de fetichismo
Doses de adivinhação
Pitadas de ocultismo
Qual nas cartas dum baralho
Ou letra de Zé Ramalho
Mistério e malabarismo
Sete cores do arco-íris
Sete notas musicais
Seth é o irmão de Osíris
E os pecados capitais
Sete planetas sagrados
A sete palmo enterrados
Estão os pobres mortais
Sete é numero de sorte
Como também de azar
Aos sete dias da morte
É tempo de se lembrar
De quem partiu dessa vida
Pruma outra prometida
Para nunca mais voltar?
Sete pães multiplicados
Sete nações destruídas
Sete botas no telhado
Sete estrelas coloridas
Sete bezerros de ouro
Sete dias de agouro
Sete mortes, sete vidas
Sete dias da semana
Sete chagas do Senhor
Sete é o número que engana
Sete espinhos na fulô
Sete arcanjos devotados
Sete selos tatuados
Nos tratados do terror
Sete são as tais trombetas
Citadas no Apocalipse
Sete curvas dos cometas
Antes de vir o eclipse
Sete são leis de Noé
Sete números de fé
Sete sílabas em elipse
Sete anões e sete altares
Sete anos de labor
Sete bombas nucleares
Sete vezes protetor
Sete homens contra Tebas
Sete gotas contra amebas
Sete noites de horror
Setenta e sete vezes
Deve o cristão perdoar
Sete castiçais ingleses
Sete pragas a rogar
Sete conta o mentiroso
Sete histórias de Trancoso
Sete para descansar
Sete são as divindades
Que comandam a natureza
Sete são as majestades
Donas de toda beleza
Sete anos em construção
O templo de Salomão
Cheio de glória e riqueza
Enfim, são muitas passagens
Muita história e muita fama
São diversas as imagens
Que a Bíblia traz e proclama
Também a mitologia
A história influencia
E torna acesa a chama
Mas a sétima encarnação
Da mulher de sete vidas
Tem a significação
De sete plantas colhidas
É meio de evolução
Interna revolução
Reforma íntima sentida
É uma história pra ser lida
E depois ser explorada
Pois para ser entendida
Precisa ser comentada
Diz respeito a outros planos
Sobre os quais há mil enganos
E mil questões formuladas
Eis porque é bom falar
Sobre estas coisas assim
Pra que possamos pensar
Sobre o não e sobre o sim
Quem poderá nos dizer
Que não há novo viver
Quando tudo chega ao fim?