Os números de violência
Têm crescido sem parar
Pra garantir resistência
É preciso não calar
Do Cariri pro Brasil
Quero me manifestar
Nos quatro cantos do mundo
A gente escuta contar
Mataram tantas mulheres
Outras mandaram matar
Estupram até meninas
Dentro do seu próprio lar
Este é um problema grave
Não podemos consentir
A matança de mulheres
Ficou comum por aqui
Ao invés de lamentar
Acho melhor reagir
É o mundo capitalista
Próximo do novo milênio
Em que pesem as conquistas
Do nosso último decênio
Concluem os humanistas
Na barbárie é que vivemos
Há muito tempo as mulheres
Sofrem grande opressão
Conta a História que isto
Nasce com a acumulação
Do produto do trabalho
Em algumas poucas mãos
Com a divisão das tarefas
A mulher ficou no lar
Cuidando de sua casa
E para filhos gerar
E sem ser remunerada
Não pode se emancipar
Antes disto a mulher
Viveu em plena união
Pois havia a igualdade
Na base da educação
Era da comunidade
Os meios de produção
A maternidade tinha
Importância sem igual
A mulher era rainha
Não era um ser marginal
Respeitada no trabalho
E na vida social.
Mas isso já faz um tempo
A história já mudou
Passamos pelo escravismo
O feudalismo passou
Agora o capitalismo
Vive tempos de terror
Têm crescido sem parar
Pra garantir resistência
É preciso não calar
Do Cariri pro Brasil
Quero me manifestar
Nos quatro cantos do mundo
A gente escuta contar
Mataram tantas mulheres
Outras mandaram matar
Estupram até meninas
Dentro do seu próprio lar
Este é um problema grave
Não podemos consentir
A matança de mulheres
Ficou comum por aqui
Ao invés de lamentar
Acho melhor reagir
É o mundo capitalista
Próximo do novo milênio
Em que pesem as conquistas
Do nosso último decênio
Concluem os humanistas
Na barbárie é que vivemos
Há muito tempo as mulheres
Sofrem grande opressão
Conta a História que isto
Nasce com a acumulação
Do produto do trabalho
Em algumas poucas mãos
Com a divisão das tarefas
A mulher ficou no lar
Cuidando de sua casa
E para filhos gerar
E sem ser remunerada
Não pode se emancipar
Antes disto a mulher
Viveu em plena união
Pois havia a igualdade
Na base da educação
Era da comunidade
Os meios de produção
A maternidade tinha
Importância sem igual
A mulher era rainha
Não era um ser marginal
Respeitada no trabalho
E na vida social.
Mas isso já faz um tempo
A história já mudou
Passamos pelo escravismo
O feudalismo passou
Agora o capitalismo
Vive tempos de terror
A história da mulher
É a história da opressão
Da mulher trabalhadora
E da esposa do patrão
A igualdade jurídica
De fato não existe não
Sociedade machista
Gera incompreensão
Aniquila a mulher
Perdendo em evolução
Pensa que o cabra homem
Sozinho faz o verão
Oprimida e explorada
A mulher ainda está
Pouco ganha, se empregada
Nada ganha se casar
Exerce tripla jornada
Mas tem forças pra lutar
Lutar contra a violência
Da qual é vítima fatal
Exigindo o cumprimento
Do tal preceito legal
Não aceitando o silêncio
Como resposta final
Lutar por salário igual
Ao homem em mesma função
Lutar por manifestar
A sua opinião
Nem que baixe na polícia
E acabe na prisão
Decidir, quando preciso
Se quer ter filhos ou não
Cuidar do próprio corpo
Sem nenhuma imposição
Com livre escolha do método
De anticoncepção
Ter informação idônea
Sobre doenças do sexo
Não ter medo nem vergonha
Se libertar dos complexos
Ser uma mulher feliz
Às vésperas do novo século
E para tanto é preciso
Não cochilar, não dormir
Pois se a mulher tem juízo
Não poderá consentir
Que o machismo perdure
Enquanto ela existir
É preciso somar forças
E lutar contra as mazelas
Meninas, velhas e moças
Vamos deixar as querelas
Vamos fazer um país
De Justiça, sem seqüelas
Somos muitas companheiras
Por este país imenso
Umas laboram na feira
Conforme nos disse o censo
Algumas são enfermeiras
Outras moram no convento
Professora, vendedora
Faxineira, advogada
Motorista, promotora
Cozinheira, operária
Camponesa, jogadora
Tantas são desempregadas
Mulheres, mães e amantes
São companheiras, enfim
Sonham com um mundo justo
Trabalham pra ser assim
Geram os filhos do mundo
Pra qu’este não tenha fim
Mulheres existem muitas
Metade, veja você
Do povo de nossa terra
Conforme ouvi dizer
Tem mulher demais na Pátria
Poucas, porém, no poder
É por isso que as leis
E as decisões importantes
Que na História se fez
Deste povo inquietante
Poucas delas tem a tez
Da mulher no seu semblante
Trinta e quatro deputadas
Tem o meu Brasil, somente
Apenas seis senadoras
Pra representar a gente
O Congresso Nacional
Revela-se incoerente
Mas isto pode mudar
Basta o Brasil querer
Uma Pátria não é livre
Sem a mulher também ser
É possível governar
Pluralizando o poder
O Código Civil caduca
Veja só que coisa vil
Avilta nossas mulheres
Por todo nosso Brasil
Uma lei de dezesseis
Vigora em pleno 2000
O homem ali é o “chefe”
Tem o “pátrio” poder
Anula seu casamento
Pode a noiva devolver
Se esta já não for virgem
Conforme tinha de ser
É do ano de 40
O nosso Código Penal
Uma lei tão importante
Há meio século igual
Se a vida é dinâmica
Mude o preceito legal
E sobre esta lei estável
Não preciso comentar
Se ao flagrar o “Ricardão”
Quiser a “honra lavar”
A “violenta emoção”
Pode a pena atenuar
E que dizer do estupro
Crime dos mais desgraçados?
Para o Código ele fere
Costumes convencionados
A mulher sofre agressão
O moral é que é lesado
Alguns espertos dirão
Mas, doutora, a Carta Magna
Já botou tudo por terra
A mulher tá amparada
Amparou a que morreu
Porque se encontra calada
A lei somente é pouco
É preciso decisão
Sem atuação política
Não há emancipação
A conquista do presente
Foi no passado a ação
Nós mulheres já cansamos
Das manchetes nos jornais
Companheiras que amamos
Alvo de golpes fatais
A impunidade fica
Elas não voltam jamais
A violência doméstica
É assunto de polícia
É preciso providências
Logo que tomar notícia
Trabalho profissional
E diligência propícia
Não se deve ser omissa
Se o marido é o agressor
Pois ninguém tem compromisso
De apanhar por amor
Se na novela é bonito
O Rei do Gado acabou
Não tolere, não transija
Não permita a violência
Cultive a auto-estima
Não aceite a prepotência
Ser feliz é ter prazer
Do contrário é doença
Se informe de seus direitos
Lute e cobre do Estado
Se o ego tá insatisfeito
Deixe a vergonha de lado
Vá exigir do prefeito
Reclame do deputado
Cobre do seu município
O Conselho da Mulher
Cadê a delegacia?
Você ainda tem fé?
E a creche do seu filho?
Lute enquanto puder
Só posso lhe garantir
Que direito você tem
Mas pra que serve o direito
Se na prática ele não vem?
Então adote uma tática
Brigue por isto também
Licença maternidade
É direito “amarrado”
Não é patrão quem decide
Se deixa ou não ser gozado
Se você for impedida
Procure um advogado
Se você é separada
E não deu causa à questão
E se tem filhos menores
Não perca a ocasião
Reclame do “dito cujo”
Seu direito de pensão
A C.L.T. prevê
E é preciso cobrar
Condições especiais
Para a mulher trabalhar
Da higiene ao descanso
Até da hora e lugar
Sobre aposentadoria
Não é preciso ter medo
E como não poderia
Não existe mais segredo
Dependendo do seu caso
É cinco anos mais cedo
A Constituição diz
Que somos todos iguais
Então arregace as mangas
E vá da saúde atrás
Escola para seu filho
Não pode faltar jamais
Se acaso é doméstica
E trabalha sem pudor
Saiba que existem direitos
Relativos ao labor
A Lei Máxima assegura
Não será nenhum favor
Se por acaso for presa
Ou pena estiver cumprindo
E tiver um bebezinho
Do seu leite consumindo
A lei vai lhe garantir
Este momento tão lindo
Se porventura for negra
E por isso discriminada
Não aceite tal afronta
Não fique desanimada
Isto constitui um crime
De fiança inaceitada
Não aceitar o machismo
Também implica lutar
Contra toda violação
Que se possa observar
Em nossa sociedade
E onde quer que se vá
A começar por aqui
Pelo Cariri amado
Onde o machismo covarde
Não se mostrou acanhado
Ficou em muitas famílias
Para sempre tatuado
Lesões no corpo e na mente
Assassinatos brutais
Comoveram nossa gente
Arrancaram nossa paz
Resta um apelo premente
Não se repitam jamais
Anônimas ou conhecidas
Estas mulheres merecem
Justiça por suas vidas
E não apenas as preces
Não sendo a lei cumprida
O direito, então, fenece
Chorando nossas Yaras
Nos encontramos então
Soraias, Anas e Laras
Não faleceram em vão
As Marias que ficaram
Com certeza lutarão
Acredito que nós todas
Podemos tentar de novo
Devagar, sem desistir
Como pintinho no ovo
Bicando aqui e acolá
Somando com nosso povo
Não deixe que este verso
Seja mera distração
Sinceramente, confesso
Não foi esta a intenção
Quero que lhe seja útil
Em alguma ocasião
Devo esclarecer a tempo
Que nossa luta é igual
Companheiro e companheira
Vitimas do capital
Somente a nossa união
Destruirá este mal
A vitória não se espera
É preciso conquistar
A luta começa hoje
Basta você se engajar
Acredite, companheira
Nunca é tarde pra lutar.
Destruirá este mal
A vitória não se espera
É preciso conquistar
A luta começa hoje
Basta você se engajar
Acredite, companheira
Nunca é tarde pra lutar.
4 comentários:
Bênçãos Salete Maria! Que beleza, o Cordelirando! Com o numero de titúlos que tens ja podemos entrar em estúdio, que tal uma parceria?
Parabéns por tudo que li! Beijos Deth Haak " A Poetisa dos Ventos"
Cônsul Poeta Del Mundo-RN
Sociedade dos Poetas Vivos do Rio Grande do Norte.
Querida Deth, obrigada por voce me dar a honra de visitar meu blog.
imparato molto
Que lindo, é muito bom saber que existem pessoas que escrevem coisas assim tão maravilhosas ainda.
horoscopo do dia
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