Cordelirando...

sexta-feira, 24 de julho de 2020

VAI NAS ASAS DOS ARCANJOS


Batalhou a vida inteira
E agora descansou 
Nasceu em terras granjeiras
Mas Juazeiro adotou 
Como lugar de morada
De lazer e de jornada 
Cidade que lhe abraçou 

De agricultor a poeta
Fiscal de obras urbanas
Dedicado, cumpriu metas
Superou dores tiranas
Esposo, pai e avô
A família sustentou
Mesmo sem ter muita grana

Fez amigos, foi querido
Conhecido em toda parte
Durante o tempo vivido 
Para mim foi baluarte
Cordelista de primeira
Filho da velha romeira
Que nos legou sua arte

Sua partida me dói
Faz-me chorar, à distância
É uma dor que corrói 
Maltrata com implicância
Mas não supera o amor
Que em mim você deixou
Com rimas em abundância 

Segue na luz, tio amado
Vai ao encontro do Pai
Teu nome fica gravado
Com tinta que não se esvai 
Dentro do meu coração 
Feito uma linda oração 
Soprada por Adonai 

Sou grata por tua vida
Tua passagem na Terra
Que não será esquecida
Porque teu sopro se encerra
Louvo a Deus pelas sementes 
Que tu, amorosamente
Plantou no vale e na serra

Descansa em paz, meu poeta
Meu grande incentivador 
Tua obra está completa
Retorna ao Criador 
Abençoa os que ficam
Pois eles significam
Teu fruto que germinou 

Vai nas asas dos Arcanjos
Que derramam leite e mel
Junta-te a outros anjos
Deixa esse mundo cruel
Leva abraços pra Felipe 
Dá lembrança a nossa equipe 
Que se encontra no céu

Roga por nós, neste dia
Que choramos sem cessar
Alivia essa agonia
Este imenso mal estar
Nos ajuda a prosseguir
A suportar, sem cair 
O fim do teu versejar

E já que tu se encantou
E foi para o infinito 
E em tua casa ficou
O teu povo favorito
Recebe o abraço deles
E olha por todos eles
Com teu amor tão bonito

Até mais, Zé Alexandre 
Um dia a gente se vê
Meu ferro hoje é flandre
É triste o nosso sofrer  
Você se foi e eu choro
E ao nosso Deus eu imploro
Que nos ajude a viver. 

Salete Maria, 
Salvador, 24/07/2020