Cordelirando...

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Dia d@ Cordelista

19 de Novembro: dia d@ Cordelista e nós que fazemos o Cordelirando não poderíamos deixar que esse dia acabasse sem vir aqui render homenagens a querida Salete Maria, cordelista feminista, libertária e marginal!
Salve, salve, minha poeta! Muito axé e muita luz no seu caminhar e no seu versejar!




sábado, 1 de novembro de 2014

Matéria para a Cariri Revista





 Nossa Cordelista foi entrevistada para a edição 17 da Cariri Revista, disponibilizada neste mês de outubro. Num papo descontraído com o jornalista Felipe Azevedo, Salete Maria falou sobre sua trajetória social, política, cultural e literária, enfatizando seus cordéis feministas e libertários que completaram, este ano, 20 anos de publicação.
A entrevista contou ainda com uma participação mínima desta blogueira que vos escreve.
Como a Cariri Revista sabiamente afirmou, Salete é uma "militante da vida", uma "advogada dos invisíveis" e uma "poeta dos marginais".
Vida longa à Salete Maria! Queremos ler sempre novos escritos seus por muuuuuuuuuuuito tempo, sem deixar de lado os debates e a militância com os que já nos instigam e cutucam!



domingo, 24 de agosto de 2014

Lançamento de Cordel


O Cordel "BASTA DE FEMINICIDIO" de autoria de Salete Maria, teve seu lançamento oficial no programa Ceará Diverso, apresentado por Vandinho Pereira e gravado no Centro Cultural Banco do Nordeste, nesta quarta-feira última, dia 20 de agosto.
Na ocasião, Salete Maria teve apresentação realizada por esta blogueira que vos fala, em seguida subiu ao palco e junto com diversas mulheres que compunham a platéia, em ritmo de jogral, leram o cordel em tela, na íntegra.
O programa contou ainda com a participação da cantora, sanfoneira e poeta Maria Luiza.
Os leitores deste blog tiveram a oportunidade de ler o referido cordel ainda antes do seu lançamento, pois fora publicado aqui, extra-oficialmente.
Caso desejem ler novamente, cliquem AQUI!

domingo, 20 de julho de 2014

Pré-estréia do filme Travesthriller

Em 11 de julho de 2014 aconteceu, no teatro do Centro Cultural Banco do Nordeste, a pré-estréia do filme Travesthriller, com direção de Orlando Pereira (in memorian) e Nivia Uchoa, baseado no cordel O Milagre Travesthriller de Salete Maria.
Nós da equipe Cordelirando prestigiamos este grande evento e conferimos de perto quão bacana ficou o resultado.
A estréia está prevista para setembro deste ano. Assim que soubermos mais informações, divulgaremos.
Acompanhe a cobertura completa da pré-estréia através de registros em nossa página no Facebook, clicando AQUI!

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Basta de Feminicídio

O Brasil é campeão
Em matança de mulher
Tá na sétima posição
E você tem que dar fé
Que isto não pode ser:
Quantas mais tem morrer
Pra tu meter a colher?

E não venha com história
De que é crime passional
Tenha respeito à memória
De quem morreu afinal
É violência de gênero
E você não é ingênuo
De negar no tribunal

Chama-se feminicídio
A morte de uma mulher
- a exemplo do genocídio -
Cujo algoz faz o que quer
Baseado no poder
Que ele julga deter
Para usar como quiser

É a máxima expressão
Da visão patriarcal
Geradora da opressão
E do machismo cultural
Presente nas relações
E nas instituições
Desse país desigual

Acontece todo dia
Do litoral ao agreste
E aqui na cercania
Já virou quase uma peste
Um tipo de epidemia
Que mata muitas Marias
E ainda há quem conteste

Atinge qualquer mulher
Da doutora a empregada
Pois tem como pontapé
A ideia equivocada
De que o homem pode tudo
Seja pequeno ou graúdo

Ele mata e não tem nada
Todo mundo tem um caso
Pra contar ou lamentar
E em curto ou longo prazo
Outros irão se somar
Se não houver reação
Luta e mobilização
Pra essa história mudar

E olhe que o feminismo
Há muito tempo já diz
Que esse tal feminicídio
É a guerra mais infeliz
Que tem na face da terra
Pois ele mata e enterra
Debaixo do seu nariz

Homem que bate em mulher
Que humilha e controla
Queima e dá pontapé
Estupra, mata e esfola
Quem nunca ouviu falar?
Mas isso tem que acabar
Pois já passou foi da hora!

Mas é bom deixar bem claro
Que isso não é natural
Faz parte do inventário
Da vivência social
Cuja visão dominante
Faz do menino um elefante
E da menina um pardal

Cria ele pra bater
E ela para apanhar
O menino é pra correr
E a menina é pra sentar
Ele é para o poder
E ela é para sofrer
E de nada se queixar

Ele é pra ser maioral
Ela é pra se adaptar
Ele é pra ver o jornal
Ela é pra louça lavar
Ele é para decidir
Ela é para assentir
Sem jamais lhe questionar

Ele é para dar as cartas
Em qualquer situação
Ela é pra levar as marcas
No corpo e no coração
Do namoro ou casamento
Do qual só restou tormento
Mágoa e decepção

E quando ela não suporta
Esta injusta realidade
Quando enfim abre a porta
Para viver de verdade
Ele então decidirá
Se viva ou morta será
Sua nova identidade

Essa é a trajetória
Que o sexismo prepara
E que de forma simplória
Este cordel escancara
Pra dizer que temos sim
Que lutar pra pôr um fim
Nesse horror que nos encara

Temos que mudar as mentes
E sobretudo as ações
Colocando outras lentes
Para ter outras visões
Em termos de igualdade
Pois nossa sociedade
É uma fábrica de machões

É preciso educar
Com igualdade de gênero
Não basta só palestrar
Num tempinho bem efêmero
Tem que ser algo diário
Persistente e necessário
De janeiro a janeiro

Por isso é que o movimento
De mulheres no planeta
É um grande acontecimento
Que tem calda de cometa
E espalha em toda parte
Por lutas, livros e artes
A sua imensa luneta

Aqui no nosso Brasil
Muitas batalhas travou
É grande o seu desafio
Mas muito já se ganhou
Agora é prosseguir
Sem recuar ou fingir
Que tudo já se ajeitou

Na luta já conquistamos
Uma série de direitos
Políticas já celebramos
Mas muito há pra ser feito
Precisamos avançar
E o crime tipificar
Para que surta efeito

Além da Maria da Penha
Queremos mais garantias
Pra que nada nos detenha
Nem roube nossa alegria
Queremos viver em paz
Sem morte, dor ou sinais
Da cruel misoginia

Que o feminicídio seja
Considerado hediondo
E que o Código o preveja
Para fazermos estrondo
E seguirmos na peleja
Pois nada vem de bandeja
E nem nos desce redondo

Tramitando no Congresso
A proposta já está
Pra não haver retrocesso
Precisamos vigiar
Lutando aqui e ali
Para o Brasil sentir
Que jamais vamos calar

Vamos cobrar do Estado
Uma maior atenção
E deixar nosso recado
Nessa mobilização
Queremos delegacia
Funcionando noite e dia
Chega de enrolação!

Queremos que toda a rede
Funcione pra valer
E que não só nas paredes
Sentença ou parecer
Despacho ou petição
Fique a identificação
Daquela que “vai morrer”

Queremos Casa Abrigo
Com a melhor estrutura
Para não haver perigo
De existir ruptura
Na oferta da proteção
Enquanto rola a ação
Judicial e segura

Queremos autoridades
Sensíveis a nossa luta
E que as Universidades
Se preparem pra labuta
Com as metodologias
Sem as tais hierarquias
Que impedem a escuta

Polícia e promotoria
Respeitosa e acessível
Magistratura em dia
Com tudo que for possível
Em termos de teoria
E de nossa rebeldia
Contra esse ódio terrível

Defensoria engajada
Em tudo quanto é comarca
E pesquisa atualizada
Contendo tudo que abarca
O contexto social
Do local ao nacional
Mas sem viés patriarca

Queremos política pública
Livre de demagogia
Com caráter de república
Sem tutela e apologia
De político machista
Homofóbico e racista
Não importa a sua via

Queremos mais prevenção
Contra tanta violência
Mudança na educação
Na arte e na ciência
Mais ação e resultado
Mais retorno do Estado
E muito mais diligência

É preciso um novo olhar
Sobre nossas relações
Temos que observar
De onde vem as questões
Não rimar amor e dor
Nem dá tiro “por amor”
Ou aceita tais lesões

Mulheres e homens tem
Liberdade e autonomia
Violência não convém
Nem pra Zé nem pra Maria
Ninguém pertence a ninguém
Se a pessoa lhe quer bem
Não lhe fará covardia

Se você vai nessa linha
Envolva-se um pouco mais
Vá encontrar quem caminha
Em toda marcha lilás
Pois os homens feministas
Também engrossam a lista
De quem quer amor e paz

Chega de tanta matança
De tanto sepultamento
Não queremos como herança
Tanta dor e sofrimento
Tanta mulher abatida
Tombada, morta, caída
Entre revolta e lamento

Que as mulheres que partiram
Sejam sempre uma razão
Para as que descobriram
Que a luta não é em vão
Poderem gritar bem alto
Bem no meio do asfalto:
A vida é que tem razão!

Salete Maria
Salvador-BA, julho/2014

Como surgiu o Blog CORDELIRANDO?



Muita gente pergunta como surgiu este blog, qual a sua história. 
Ei-la aqui, para vosso deleite pessoal, acadêmico ou de qualquer natureza:



Como surgiu o blog Cordelirando:

A professora Salete Maria foi minha orientadora na especialização em Direitos Humanos, pela Universidade Regional do Cariri, cuja pesquisa versava sobre o Direito dos Idosos. Tomei conhecimento que a referida professora havia publicado um cordel intitulado “O que é Velhice?” e fiquei tomada de interesse em não apenas ler como referenciá-lo em minha produção monográfica.
Ocorre que Salete já não possuía mais exemplar deste cordel e acabou me confessando que “tinha esta mania de publicar os cordéis e distribuir todos, sem a preocupação de acervá-los”. Disse-me, ainda, que vários/as pesquisadores e pesquisadoras já a haviam procurado para este fim e nem sempre ela conseguiu atendê-los por não possuir todos os seus exemplares.
Foi então que tive a ideia de compilar os cordéis num blog, como uma maneira de arquivar a obra da poeta e facilitar assim a pesquisa de quantas pessoas mais se interessarem pelo tema, além de ampliar a divulgação da poesia marginal, feminista e libertária de Salete aos “quatro cantos do mundo”.
Com sua anuência, passei a garimpar os cordéis que ela ainda tinha e outros com amigos/as e digitei, um a um, digitalizando as capas para garantir a obra em sua originalidade.
Desta forma, em 03 de junho de 2008 nascia o blog Cordelirando (nome sugerido por Salete, por ser expressão cunhada por ela e título de um de seus cordéis) e que se encontra na ativa até os dias atuais, sob o endereço www.cordelirando.blogspot.com. Sempre que surge um cordel novo, Salete me manda em primeira mão, para que o lançamento seja 'mundial”, através da blogosfera, pois sua intenção maior não é econômica, mas sim a de propagar seu cordelírio ao maior número de pessoas que se disponibilizarem a recebê-lo.
A existência do blog também tem o papel de tornar público que Salete Maria é uma cordelista que inovou em diversos aspectos a literatura de cordel, sendo a primeira cordelista a tratar, desde a sua primeira obra, da temática das mulheres, das relações de gênero, das questões da comunidade LGBTT, e de outros sujeitos sociais oprimidos e/ou excluídos. De sorte que o blog também é uma biblioteca cuja visita é obrigatória para tantos quantos se interessem por cordel, folhetos, literatura marginal, feminismo, combate a homofobia, racismos e outras formas de dominação. Acredito que o blog é também uma forma de homenagear uma poeta que tem sido cada vez mais reconhecida em outras plagas e ainda pouco festejada no Cariri cearense.
Importa frisar que o cordel virtual não substitui o cordel impresso, pois também trabalhamos com os cordéis impressos em papel jornal com capa xilogravurada ou inventada por nós, bem como Salete lançou o livro Outras Rimas, Outras Pessoas, contendo uma coletânea de alguns dos seus folhetos e outros inéditos.

Como extensão do blog, há também a página homônima no facebook, como uma maneira de divulgar trechos de cordéis, divulgar o blog e noticiar as cordeliradas da poeta 'pela estrada afora”.

Sammyra Santana
Criadora e coordenadora do blog Cordelirando, professora, bel. em Direito pela URCA, especialista em Direitos Humanos pela URCA, acadêmica de Psicologia pela Faculdade Leão Sampaio, amante da literatura de cordel, curadora, divulgadora e organizadora da obra de Salete Maria.






quarta-feira, 2 de julho de 2014

Filme Travesthriller

Pré-Estréia do filme Travestrhiller, baseado em cordel homônimo de Salete Maria. 11 de Julho de 2014, 19h no Centro Cultural Banco do Nordeste.


terça-feira, 17 de junho de 2014

Portal Popular da Copa publica cordel de Salete Maria

O site Portal Popular da Copa publica o mais recente cordel de Salete, intitulado VAMOS PRA RUA A MIL (POIS PREJUDICA UM BRASIL A COPA DO CAPITAL)!

Confiram clicando AQUI

domingo, 8 de junho de 2014

Cordel de Salete Publicado no Blog "Atingidos Pela Copa"



O cordel  VAMOS PRA RUA A MIL (POIS PREJUDICA O BRASIL A COPA DO CAPITAL) foi publicado no blog Atingidos Pela Copa.
Neste cordel a poeta GRITA denunciando o que realmente há por trás dos mandos e desmandos da FIFA alertando a todos e a todas que esta copa não é para todo mundo!
Confira:

http://atingidoscopa2014.wordpress.com/2014/06/07/cordel-vamos-para-a-rua-a-mil-pois-prejudica-um-brasil-a-copa-do-capital/

sexta-feira, 6 de junho de 2014

VAMOS PRA RUA A MIL (POIS PREJUDICA UM BRASIL A COPA DO CAPITAL)

Quem mora neste país Sabe que ele é dividido Entre quem vive feliz E quem vive espremido Por isso é que um Mundial Que agrada ao capital A tantos causa gemido
Há um Brasil que é só festa Outro que é necessidade Um que tem gente honesta E outro que é só vaidade Há um Brasil contemplado E outro prejudicado Esta é a realidade
Eu sou uma brasileira Que ama muito o Brasil Mas penso que é asneira Ficar sem dar nem um pio Sobre as iniquidades E as muitas perversidades Que a dona FIFA pariu
Nada tenho contra a Copa E gosto de futebol Mas já morei em maloca E sei onde nasce o sol Vejo a desigualdade No campo e na cidade Clara feito um arrebol
O que muito me incomoda É o estado de exceção Que está virando moda Dentro da nossa nação Que virou país-empresa Que destrói a natureza E a vida do cidadão
Sei que a FIFA tá mandando Porque o governo permite Mas as ruas tão gritando Porque a gente resiste Quem aprendeu a lutar Não se deixa fascinar Pelo jogo das elites
E eu que sou feminista Das que não faz concessões Ao lucro capitalista E às regras dos patrões Sei que esse megaevento Para mim não tem assento Dentro ou fora dos portões
Me somo a quem não se cala Diante das exclusões Uso sempre a minha fala Contra os velhos tubarões Que roubam o nosso povo E fazem discurso novo Em tempos de eleições
E aqui eu me refiro A políticos diversos Que vivem nos dando giro Enquanto estão imersos Nos interesses da FIFA Que nosso direito rifa Com discurso controverso
Entendo que o Mundial Que o país vai sediar Já deu mais do que sinal Do rombo que vai deixar Pra aquela população Que para ganhar o pão Rala até não aguentar
Afinal todas as obras Que a gente tá custeando Estão cheias de manobras E ninguém tá explicando Por que tanta imposição Contra a Constituição E contra quem tá lutando
Muito dinheiro investido Pra garantir repressão O povo virou bandido De crime de opinião E governos de toda cor Legitimam o terror Em ano de eleição
Quem anda pela cidade E sabe o que é o povo Conhece as necessidades Dessa vida arroz com ovo Onde falta moradia Água, gás e energia Saúde e transporte novo
Quem faz parte do Brasil Que pega filas gigantes Sabe que está barril E o quanto é revoltante Ver famílias despejadas E suas casas derrubadas Por ordem dos arrogantes
E a falta de transparência Sobre muitas decisões? Além das incoerências Sobre as (i)licitações E o que foi prometido Pugnado e defendido Vai ter inaugurações?
Mobilidade urbana Ninguém sabe, ninguém vê E ninguém mais se engana Com o que vão nos dizer Se é com nosso dinheiro Então todo brasileiro Pode sim se intrometer
Para cada viaduto Arena e aeroporto Uma família de luto E um operário morto Um direito violado Um choro desesperado E um olhar absorto
Os abusos são gritantes Contra grupos vulneráveis Prisão de manifestantes Remoções inaceitáveis Mulheres prejudicadas Ofendidas, degradadas Feito produtos vendáveis
A FIFA manda em tudo Com aval dos governantes Extrai um lucro graúdo Mas explora estudantes Que trabalham sem ganhar Para a FIFA não pagar Imposto ou lucro cessante
A FIFA fez exigências Ferindo a soberania Usurpou as competências Próprias da democracia Impôs a sua vontade Quebrou a legalidade E contou com a covardia
Fez do Brasil um otário Que pagou pra se ferrar Matou alguns operários E não vai indenizar Os pobres dos dependentes Que não verão nem os dentes Dos caras que vão jogar
A FIFA e seu patrocínio Não se importam com você Que exerce o raciocínio E tem algo pra dizer Contra as violações Preconceito e exclusões Que ela sabe promover
A FIFA não se interessa Por quem foi desalojado Pois ela tem muita pressa Para levar seu bocado E deixar o sofrimento A exclusão e o tormento Como seu maior legado
A FIFA só tem apreço Por quem compra seu ingresso Ela sabe o endereço Dos ricos lá do Congresso Vai jantar com a presidenta Que também não tá isenta Desse grande retrocesso
A FIFA é o capital Que não respeita humano É a dona da Lei Geral E desse jogo insano Que envolve todo o poder Que autoriza prender Quem atrapalhar seus planos
A FIFA tá nem aí Pra exploração sexual Ela mandando aqui Pode é haver bacanal Racismo e exclusão Sofrimento e opressão Nada disso lhe faz mal
A faxina das cidades Tirando o povo da rua Toda essa iniquidade Com minha vida e a sua Conta com a conivência Da corja de excelências Que manda sentar a pua
É por isso que eu digo Através desse canal Mesmo correndo perigo De me descerem o pau Vamos pra rua a mil Pois prejudica um Brasil A copa do Capital
Salete Maria Salvador-BA

sábado, 19 de abril de 2014

SALETE É ENTREVISTADA PELA REVISTA CAROS AMIGOS

Nossa Cordelista foi entrevistada pela Revista Caros Amigos, ocasião em que falou sobre os 20 anos de cordelírio feminista e libertário, rendeu homenagem a sua avó, D. Maria José, sua grande inspiradora na arte do cordel, bem como a infância passada no sitio Canabrava e em Grangeiro, cidade do interior do Ceará.
A minha ainda não chegou, mas assim que chegar, posto alguns trechos!



A Revista é esta!

terça-feira, 25 de março de 2014

OUTRAS PESSOAS



Negros, pobres, nordestinos
Deficientes, romeiros
Crentes, ateus, peregrinos
Camelôs e macumbeiros
Putas, loucos e viados
Viúvas e amancebados
Militantes, sem-dinheiro

Mendigos e solitários
Idosas e analfabetos
Maconheiros, operários
Favelados e sem-tetos
Camponeses, albergados
Jovens e desempregados
Freiras e mães-objeto

Cegos e presidiários
Viciados, andarilhos
Gordos e celibatários
Lésbicas e maltrapilhos
Estrangeiros, adotados
Apátridas, renegados
Aposentados, sem filhos

Albinos e orientais
Intersexos e autistas
Anões e bissexuais
Carecas e comunistas
Paraplégicos, videntes
Índios, afro-descendentes
Depressivos, anarquistas

Grafiteiros, pescadores
Funkeiros, cordelistas
Porteiros e catadores
Agricultores, bolsistas
Jovens, mastectomizadas
Velhas e abandonadas
Mortos-vivos, humoristas

Mudos e assexuados
Caipiras, ecologistas
Enfermos, desinformados
Destros e malabaristas
Tatuados, hemofílicos
Devotados e etílicos
Excluídos e cotistas

Quilombolas, ribeirinhos
Parideiras, abortistas
Anoréxicos, baixinhos
Flanelinhas, diaristas
Cadeirantes, vendedores
Bipolares, cuidadores
Figurantes, neo-artistas

Outras pessoas existem
- fora da Caras (de pau) -
Que, a seu modo insistem
Em consumir o jornal:
Seja dormindo com ele
Ou cagando em cima dele
Vão gerando outro know how

Outras pessoas existem
- fora do reality show -
Que, a seu modo, persistem
Em fazer seu próprio gol
Ganhando algumas partidas
- Perdendo tantas na vida -
Assim como elas, soul.

NEGRESTILOS


Somos tantos e diversos
Com cabelos acionados
Uns com luzes e reflexos
Outros tantos alisados
Black powers transeuntes
Negritudes flowers punks
Muitos somos afirmados

Negros trança rastafari
Dreadlooks e nagô
Negros lindos everbady
Negrinhos da Beija-Flor
Negros filhos, pais de santos
Bentos, beats, boys e bantos
Samba, roda, reggae e soul

Negro estilo multicores
Multicaras, multivozes
Multibeijos, multidores
Multividas, multidoses
Multilutas, multishows
Multisexos, multigols
Multisantos, multialgozes

Negros somos variados
Vivendo em todo lugar
Nalguns somos segregados
Noutros podemos mandar
Desempregado ou doutor
Ministro ou camelô
Quem pode nos segurar?

Negros como a bela noite
E qual a cor do pecado
Negros contra todo açoite
Do preconceito velado
Negros em favor da vida
Livre, leve e colorida
Cheia de axé e gingado

Negras tipo viva a cor
Negros tipo viva a vida
Negras fêmeas de valor
Negro história revolvida
Negros, negras, negritude
Negrestilo é atitude:
Danças, rezas e comida

Negros, negras, negrestilo
De negríssima negritude
Nigérrimo trocadilho
Negros, oh quanta saúde!
Negros de todo Brasil:
Negra pátria que pariu
Negro luta, não se ilude!