Cordelirando...

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

EU VOU ELEGER MARINA PRESIDENTA DO BRASIL



EU VOU ELEGER MARINA
PRESIDENTA DO BRASIL

Nosso país tá sofrido
Cambaleante e febril
E nosso povo aguerrido
Já não suporta o ardil
Para mudar nossa sina
Eu vou eleger Marina
Presidenta do Brasil

Basta de corrupção
De bala, tiro e fuzil
Pois para unir a nação
É preciso ser gentil
Com velha, moça e menina
Eu vou eleger Marina
Presidenta do Brasil

Em prol de mais igualdade
Contra o machismo senil
E o racismo covarde
Que avança de modo vil
Honrando a mãe campesina
Eu vou eleger Marina
Presidenta do Brasil

Em prol duma economia
Que não mira só barril
E duma cidadania
Que não seja senhoril
Mas ampla e cristalina
Eu vou eleger Marina
Presidenta do Brasil

Para que a educação
Não forme mente servil
E não leve à exclusão
Ou ao ódio incivil
Que espalha toxina
Eu vou eleger Marina
Presidenta do Brasil 

Por um desenvolvimento
Que invista no fabril
Porém sem desmatamento
Ou jogo escorregadio
Contra roubo e propina
Eu vou eleger Marina
Presidenta do Brasil

 Por mais emprego e renda
Que mude o atual perfil
E que aqueça a venda
Da bodega ao mercantil
Sob o sol ou a neblina
Eu vou eleger Marina
Presidenta do Brasil

Pelo fim das violências
E do abuso infantil
Por mais pesquisa e ciência
Para enfrentar desafio
Pela força feminina
Eu vou eleger Marina
Presidenta do Brasil

Por mais arte e cultura
E mais diálogo sadio
Pelo fim dessa loucura
Que no país emergiu
Polarizando a retina
Eu vou eleger Marina
Presidenta do Brasil

Por saúde e segurança
E moradias a mil
Para levar esperança
A quem quase sucumbiu
Diante da jogatina
Eu vou eleger Marina
Presidenta do Brasil

Por apoio à agricultura
E ao negócio que surgiu
No lar duma criatura
Que o desemprego atingiu
Para animar quem se anima
Eu vou eleger Marina
Presidenta do Brasil

Por justiça social
Sem cortes a sangue frio
Por igualdade real
Conforme o povo pediu
Pela paz que ilumina
Eu vou eleger Marina
Presidenta do Brasil

Para que a diversidade
Que tanto se oprimiu
Tenha valor de verdade
E não discurso vazio
Para que seja rotina
Eu vou eleger Marina
Presidenta do Brasil

Por uma nova maneira
De gerir sem ser hostil
Pra que toda brasileira
Que o racismo agrediu
Se orgulhe de Carolina
Eu vou eleger Marina
Presidenta do Brasil

Cordel de Salete Maria
Salvador-BA, 05/09/2018

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

MARIA DA PENHA: 12 ANOS DE UMA LEI ORIGINAL


A Lei Maria da Penha
Completa seus 12 anos
Como importante senha
Contra o machismo tirano
Mas precisamos de mais
Para vivermos em paz
Sem o medo nos rondando

Trata-se de um instrumento
Jurídico e social 
Para o fortalecimento
Da igualdade real 
Entre o homem e a mulher
Pois faz meter a colher
Onde há poder desigual

É fruto de longa luta
Pelas mulheres travada
Contra o que já não se oculta 
E nem se fica calada
Pois se chama violência
E a lei afasta a crença
Que a faz naturalizada

Obriga o Estado a agir
Onde antes era omisso 
E serve para punir
Quem viola o compromisso
De respeitar a parceira
Ou mesmo a ex-companheira
Em casa, rua ou serviço

Exige nova postura
Do sistema de justiça
Impõe uma ruptura 
Com aquela velha polícia
Requer da Promotoria
Bem como Defensoria
Mais atenção e perícia

Cobra sensibilidade
E um olhar feminista
Exige celeridade
Dos processos na Justiça
Mas não é só punição
Medidas de prevenção
Também faz parte da lista

Políticas de assistência 
Estão previstas também
Sendo ampla a competência
Para quem mandato tem
Sociedade e Estado
Todo mundo está chamado
A se engajar pelo bem

É preciso organizar 
Mais ações educativas
Para mentes transformar 
Mudando perspectivas
Para que toda cidade
Assuma a prioridade
De ter as mulheres vivas

Mas não somente cidades
Também a zona rural 
Pois há uma infinidade
De espaço social 
Com especificidades 
Que trazem realidades
Distintas da capital

E assim como os espaços
As mulheres são distintas 
O que gera um erro crasso
Pintá-las com uma só tinta 
Tentando uniformizá-las
Ou então adaptá-las
Em ações 'noites-de-quinta'

Para enfrentar violência
É preciso ter pesquisa
E bastante consciência
Sobre o que um dado avisa
Pois não se pode inventar
Já que para transformar 
Política não se improvisa

A rede de enfrentamento
Tem que estar articulada
Dispondo de investimento
E gente capacitada
Pois para denunciar
A mulher tem que se achar
Segura e bem amparada

Se uma vida sem violência
É direito da mulher
É preciso assistência
Para mantê-la de pé
Firme e encorajada
Jamais revitimizada
Ante serviço qualquer

A omissão do Estado
Enfraquece a conquista 
E se à mulher for negado
O que dizem entrevistas 
Palestras ou propagadas
Existirão só demandas
Sem efetiva Justiça

O campo da educação 
Tem muito a contribuir 
Assim como a ação
Da saúde, a prevenir
Todos podem se envolver
E com isto aprender
A jamais se omitir

A mudança cultural
Também se faz pela mídia
Rádio, internet ou canal 
Não deve agir com desídia
Mas respeitando a lei
E não transformando em rei
Um homem feminicida

Igreja e sindicato
Partido, clube e escola
Todo espaço é, de fato,
Lugar de romper gaiola
Libertando toda mente 
Que ainda acha decente
Homem que mata ou esfola

As famílias também tem 
Um papel fundamental
Pois é dela que se vem
A visão inicial 
Sobre o que é violência
E toda sua abrangência
Dentro e fora do quintal

Educar para a igualdade
É um desafio geral
E a Lei Maria da Penha
Tem papel primordial 
E no momento presente
Mesmo pré-adolescente
Continua original

Salete Maria, 
Salvador-Ba, 07/08/2018

MAIS MULHERES NO PODER


MAIS MULHERES NO PODER

Todo mundo diz que quer
Mais mulheres no poder
Mas quem de fato quiser
É só mulher eleger
Entretanto, o que vemos?
O velho "papai queremos"
Pro homem permanecer
Assim é a demogracinha
Onde mulher não tem vez
Não passa de ladainha
Para enganar o freguês
E o machismo bem lindo
Agradecido e sorrindo
Celebra com avidez
Quer mesmo democracia?
Aposte na mulherada
Que ver mais cidadania?
Vote em quem foi privada
De acessar o poder
Ou nele permanecer
No meio dessa jogada
Quer enfrentar o racismo?
E o sexismo também?
Deixe de malabarismo
Vote nas pretas, meu bem
Afro-índio-descendentes
Estão na linha de frente
E sem dever a ninguém
Bote uma negra combativa
Pra comandar seu estado
E na hora decisiva
Derrote o patriarcado
Vote com mais consciência
E bote na presidência
Mulher de luta e afago
Deixe as pretas comandarem
Todo e qualquer parlamento
Ouça quando elas falarem
Sobre dor e sofrimento
Sobre lutas e conquistas
Sobre um passado escravista
E sobre empoderamento
Votemos para mudar
A cara e a cor do poder
Paremos de discursar
Sobre o que não pode ser
Porque pode ser que sim
E se depender de mim
As mulheres vão vencer

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Afeto Feminista


AFETO FEMINISTA

Aquele cuidado lindo
Que encanta nossas vistas
Que aos poucos vai nutrindo
Nossa alma equilibrista
Que sacia nossa fome
A isto damos o nome
De afeto feminista


Aquela sinceridade

Que não se vê no sofista
Junto com a honestidade
Dos que são idealistas
É o sonho que nos consome
A isto damos o nome
De afeto feminista

Aquele acolhimento
Que nos faz mais otimista
Que aplaca o sofrimento
Com palavras intimistas
Tem amor no codinome
A isto damos o nome
De afeto feminista

Aquela compreensão
Do nosso ponto de vista
Que não põe em suspeição
E nem exige avalista
É fruto bom que se come
A isto damos o nome
De afeto feminista

Aquela ação concreta
Real e coletivista
Que a teoria completa
De forma não dualista
Capaz de ter sobrenome
A isto damos o nome
De afeto feminista


Aquela camaradagem
Que incomoda o machista
Que desmonta a engrenagem
Da roda capitalista
Deixa o racismo insone
A isto damos o nome
De afeto feminista

Aquele encontro de vidas
Que amplia nossa lista
Das pessoas mais queridas
Dentre tantas "alquimistas"
Que curtem a pedra-pomes
A isto damos o nome
De afeto feminista

Aquela escuta amorosa
Terna e voluntarista
Ou  dedinho de prosa
Num momento niilista
Não há força que lhe dome
A isto damos o nome
De afeto feminista


Aquela força tremenda
Nas fases mais derrotistas
Quando não há quem entenda
Tua crise existencialista
Vem de alguém que não some
A isto damos o nome
De afeto feminista

Aquela palavra certa
Que não se lê nas revistas
Quando tudo está uma merda
Nos espaços belicistas
Que embrulham o abdome
A isto damos o nome
De afeto feminista

Aquele abraço forte
Poderoso e altruísta
Que na dor serve de norte
Quando perdemos a pista
Q
ue ainda não tem renome
A isto damos o nome
De afeto feminista

Aquela sororidade
Que nos leva às conquistas
Na luta por igualdade
Por liberdade e justiça
Não existe quem nos tome
A isto damos o nome
De afeto feminista

Salete Maria
Salvador, 15/01/2018


Imagem: Susana Maria